sábado, 19 de novembro de 2011

Faaaaaala!
                Quanto tempo! Demorei dessa vez. Faz um mês do último post do blog. É que essas últimas semanas foram de muita correria!
                No fim de semana do meu aniversário, eu fui pra São Joaquim. Nem lembrava a última vez que eu tinha ido pra lá. Vi um monte de primos e tios e tal, matei a saudade do sítio... Ficamos uma semana, quase. Conheci um barzinho em Franca... Praia em Miguelópolis – Sério, os caras construíram uma praia em volta do rio que tem na cidade. Eu gostei. Encontrei os meus cachorros, o Bambu e o Capim, que eu não via há mais de um ano. Estava com muita saudade desses dois! Quando eu cheguei, eles tinham acabado de fugir. Eles, de vem em quando, fogem... Quando a gente vacila e deixa, por uns segundos só, a porteira aberta. E voltaram zuados, como sempre. Nem se mexiam. Mas até aí, normal, porque eles ficam na barbárie um, dois dias e voltam podres, morrendo de fome! Mas o Bambu não melhorava. Teve uma noite que ele não conseguia se levantar. Meio que desmaiou. Então, meu pai e o Daniel o levaram pra um veterinário em São Joaquim. Isso era sexta a noite. Ele estava com doença do carrapato. Eles pegam isso das capivaras. Sei não, acho que eles iam tentar encarteirar as capivaras que ficavam no córrego e tomavam umas mordidas... A gente voltou no fim de semana. Quando foi 2ª. feira, o Daniel ligou. Falou que o Bambu teve umas convulsões e, em seguida, uma parada cardíaca! E o Bambu morreu! Pois é! Tudo causado por uma porra de uma febre emaculosa! Ele tinha menos de três anos. Fiquei bem triste. Foi um puta susto. Eu nem cogitava isso. Ele era super forte, um boxer de respeito. Foi nosso primeiro cachorro. Ele era muito bom... Um puta cachorro. E eu até fiquei pensando: fazia quase um ano e meio que eu não o via, e ele foi morrer logo depois que eu voltei de lá. Sem querer achar isso ou aquilo, mas não consegui deixar de pensar que ele me esperou pra morrer. Pô, não é? Foi um dia depois de eu ir embora que ele morreu! Fiquei emocionado. O Bambu era foda! Limpei muito cocô e xixi desse cachorro! Aliás, no dia que eu fui buscá-lo, ele, com menos de um mês de vida, já vomitou no meu colo, no carro mesmo. Foi o “oi” dele, pra mim! Mas nem consegui ficar bravo. Aliás, o tempo em que ele ficou no meu apartamento em São Paulo, até terminar as vacinas, o bichinho barbarizou! Mas agora se desfez a dupla Bambu e Capim. E o Capim era meio capacho do Bambu, seguia ele em tudo. O Bambu era o irmão mais velho e tal. Ainda não vi o Capim depois disso. Vamos ver o que vai dar, como ele vai ficar. O Daniel diz que umas horas, o Capim sai andando, como que se procurasse pelo Bambu. Mas enfim, essa foi a parte triste da semana. Bem triste.
                Mas a sequência dos dias foi boa. Foi bem agitada. Nada como um dia depois do outro, né? Fiz contato com outras ONG’s, pra trabalhos voluntários. No meio do caminho, eu fiz uma entrevista em uma ONG muito interessante, que faz um puta trabalho legal, chamada Habitat para a Humanidade. Foi uma conversa muito boa, na qual me senti muito bem. Além de ter achado a casa muito aconchegante. Sem aquela cara de escritório, com tapete azul e paredes cinzas. Eu sei que isso não tem nada a ver, na verdade. Mas a mim causou uma boa impressão. Acho que eu tinha, ou tenho, um certo bode de tapetes azuis e paredes de acrílico, ou plástico, ou PVC... sei lá, cinzas. Me ligaram no mesmo dia, e pediram uma apresentação, já que não conheciam meu trabalho na prática. Apresentei e, no dia seguinte, pela manhã, eu estava contratado! É meu! Agora acabou a mamata, voltei de vez pra labuta! Rs Duas palavras legais essas, mamata e labuta. E rimam! Mas cada uma tem seu momento. Agora eu estava cansado da mamata, com saudades da labuta. Sim, eu sei que estou forçando a barra falando que estava até hoje em uma mamata. Isso é brincadeira. Acho que podemos dizer que eu estava a muito tempo parado. Mas não estava fazendo corpo mole. Estava mesmo é contundido! Mas porra, nem o Ronaldo Fenômeno (meu amigo, depois eu conto essa história), ficou tanto tempo impedido de exercer sua profissão por motivos de saúde, meu! Tirando alguns intervalos, porque quando eu estava recuperando o ritmo de jogo, vinha outra contusão, eu fiquei de molho quase quatro anos. E meu, sério, é aquela coisa: quando você está na correria master mega blaster plus, o que você mais quer é parar, não ter mais que trabalhar. Mas meu, quando você passa, sei lá, um mês, dois meses sem nada pra fazer, além de coçar o saco, bate um desespero. Se eu fosse mulher, diria faniquito. Mas aqui é curintia! Meu, eu saía na rua e tinha inveja de qualquer pessoa que eu visse que estava trabalhando. Sério, qualquer trabalho... Bom, na verdade, quase todos. Aliás, eu poderia citar alguns barbárie. Mas vai que você está almoçando, jantando, sei lá. Melhor não. Rs Mas eu me sentia meio desconfortável na situação de estar em recuperação. Eu sempre fui chato comigo, me cobrava demais. Não aliviava. Mas hoje, pensando que cheguei a ir em entrevistas até quando estava com a borseta na barriga... Acho que eu era meio sem noção, até!
                Mas, enfim, agora é vida nova. Vou começar a trabalhar em algo que eu realmente queria, que eu acredito... Onde eu vou ter prazer mesmo! Já se passou uma semana e meia aqui. E não posso deixar de pensar no simbolismo disso. Agora sim, eu deixei meu passado pra trás. Me refiro as coisas que não me deixavam ser feliz, a parte pesada. Não que meu trabalho antigo me fizesse mal, ou fosse o motivo de todos meus infortúnios. Claro que não! Mas não me fazia bem, também. E eu não vou mais perder tempo com qualquer coisa que me deixe dúvidas. Acho errado a gente sofrer pro dificuldade de desapego. Cansei de ter esse tipo de dúvida, que na verdade não é dúvida, é medo de ver a verdade, quando a verdade não é muito cômoda, ou pior, te dá um tapa na cara. Se for ver, é uma questão de mexer ou não a bunda. Sair ou não da zona de conforto. Sei lá, tem várias formas de se referir a essa questão. Acho que a mais direta é se você quer ou não ser feliz. Mas feliz mesmo, de uma forma que a gente nem sabe que existe. Porque dá medo. E já penei demais pra perder tempo. Eu quero o outro extremo do que eu vivi nesses anos. “Será que vou no cinema ou alugo um filme”. Isso, sim, é dúvida legal! Rs E hoje minha certeza é que trabalhar no terceiro setor é o caminho pra eu ter uma rotina mais saudável. Eu digo saudável pra cabeça, pra alma, pra tudo!
                Minha irmã me escreveu uma carta, vou transcrever aqui. Faz muito sentido. E quando ela me mandou essa carta, acho que foi lá pra 2005, eu ainda não pensava direito em mudar de área. Era um lance confuso, eu não entendia o que eu queria. Estava com medo dessa disritmia dentro da minha cabeça. E eu nem tinha falado disso pra Stella. Aí ela me escreveu essa carta, em um cartão todo bonito, porque era meu aniversário. Lembro de ter pensado: “pô, mas como ela sabe!” Logo percebi que ela estava falando da forma como ela vê a vida, o que ela acredita e tal. Ah, e ela escreveu em inglês, porque desde aquela época o português dela já tava pior que o inglês, eu acho. Ela mora no Reino Unido a uns onze anos. Quem não manjar de inglês, manda um Google Tradutor que já era.
“As you go in this world...
Always believe in your dreams.
Keep looking forward to the future…
to all you might be. Don’t let old
mistakes or misfortunes hold you down:
Learn from them, forgive yourself…
or others… And move on. Don’t be
bothered o discouraged by adversity.
Instead, meet it as a challenge.
Be empowered by the courage it
takes you to overcome obstacles.
Learn things. Learn something new
every day. Be interested in others
And what they might teach you.
But do not look for yourself in the
faces of others. Do not look
for who you are in other people’s
approval. As far as who you are
or who you become goes…
the answer is always within
yourself. Believe in yourself.
Follow your heart and your
dreams. You... like everyone...
will make mistakes. But so long as
you are true to the strength within
your own heart… you can never go wrong.

                Ah, e eu dei uma entrevista pro portal da Band, e saiu uma reportagem lá! Tem até foto minha! rs Estou meio estranho, mas acho que isso não tem solução! Rs Dá uma olhada lá: http://www.band.com.br/viva-bem/saude/noticia/Default.asp?id=100000467690  E aliás, um monte de gente me mandou umas mensagens, deixou recados e tal. Um mais legal que o outro. E não adianta, eu não sei agradecer isso direito. Fico sem graça. Mas meu, não tem preço! Desde que eu estava nos EUA, a força que vinha através de todos, foi muito importante. Pô, imagina só, alguém falando pra você as coisas que eu tenho ouvido sobre o que rolou comigo. Eu fico todo feliz, orgulhoso até. Como eu já disse antes, eu nunca tive essa pretensão de ser exemplo pra ninguém. Nunca nem parei pra pensar nisso. Eu apenas tentei tocar minha vida da forma que fosse melhor pra mim. Questão de sobrevivência, né. O que eu pensava é que eu não queria ser uma história triste. Com as barbáries que rolavam, estava se caracterizando uma história meio trágica até, de um cara que só se ferrava. Teve um dia que eu pensei muito nisso, quando fiquei sabendo que o João ia ser pai. Já falei isso pra ele, eu acho. Esse dia eu me vi no meio de uma comemoração, acho que era aniversário dele, um dos dias mais felizes na vida do cara, que é meio que um irmão meu. E eu pensava na minha vida, que eu estava no outro extremo. Não tinha nada pra comemorar. Por mais que me dissessem que eu tinha que comemorar minha vida e tal. Ah para vai, eu estava sendo uma vidinha bem insuportável, pô! Fiquei me sentindo mal porque achei que eu representava um contraste, uma tristeza pela minha situação, na vida de quem convivia comigo. Essa foi uma das nóias que surgiram na minha cabeça. E então, nesse dia do aniversário do Preá, eu me dei conta: se você está vivo, é pra ser feliz, ué! Eu que me virasse, mas o lance era ser feliz, eu tinha que dar um jeito! Eu não poderia deixar de tentar chegar o mais próximo disso! Nessas horas vinham coisas boas na minha cabeça, estímulos, e eu saía atrás dos prazeres possíveis. Bom, sei lá, olhando pra trás, e conseguindo ver com um pouco de distanciamento, vejo que, sem perceber, minha cabeça deu uma sambada pra contornar essa lambança toda que apareceu pra eu lidar. Porque, pra mim, é isso. Apareceu isso tudo na minha vida e esse foi o único caminho que eu consegui enxergar, ou decidi enxergar. Mas precisei da lanterna de muita gente, porque a minha ficou sem pilha várias vezes.
                Mas é isso aí! Valeu a todos pelo carinho com as palavras! Nunca vou esquecê-las!
                Ah, e amanhã – sábado, 19/11 - vai sair uma reportagem sobre mim na Isto É. Mas não é uma reportagem sobre a epopéia. É sobre transplante multivisceral, e a mulher estava pesquisando o assunto e caiu aqui no blog.
                Beijo pra todo mundo!