quinta-feira, 22 de março de 2012


Faaaaala!
                Então, não sei se eu falei aqui, porque acho que não cheguei a essa parte da epopeia no blog. É o seguinte: na internação em que eu tirei o intestino e tal, no fim de 2009, eu fiquei bem podrão. Eu não conseguia falar, porque tinha uns tubos na boca, não tinha fôlego... Pra me comunicar com as pessoas, eu escrevia, toscamente, e o pessoal ia lendo e respondendo e tal. Foram vários dias dessa forma. E algumas dessas folhas, a Jack guardou. Eu digitalizei aqui, porque são, pra mim, muito importantes. São registros da coisa toda. 
                Minha letra está, em boa parte, bem ilegível, mas eu lembro de alguns fatos, e consegui decifrar os garranchos.  Mas, na hora, eu achava que estava escrevendo direitinho, normal, não entendia a dificuldade das pessoas em ler! E tem o registro da única parte que eu posso falar que foi legal nessa internação. É estranho falar em algo legal naquela "temporada" no Sirio, mas foi. É o seguinte, eu estava com uns tubos, não conseguia respirar. O pulmão estava bem zuado. Eu não expectorava, também. Por um momento, melhorei um pouco e tiraram os tubos. Beleza. Mais tarde, voltei a piorar, não conseguia engolir saliva. Aliás, de tanto chamar as enfermeiras pra me ajudar, elas passaram a deixar um tubo comigo, igual aqueles de dentista, que fica sugando a saliva na  minha boca. Bom, isso pra não falar do mais trash, fazer aspiração, que era um tubo indo quase no pulmão pra limpar. Sem anestesia, nem nada. Na raça, esquema Curintia! Lembro que, pra me lembrar como chamava esse lance, pra pedir pro enfermeiro, eu pensava no Tropa de Elite, nos caras chamando os aspira, sabe? "Ae axxxxxpira! Porra axxxxxpira!" heheh É sério! Aí eu lembrava, "ah, é aspiração que chama essa parada, pra aliviar!" E apertava o botãozinho pra chamar a enfermeira.
Mas meu pulmão foi só piorando, e decidiram fazer uma ressonância magnética, pra ver em que pé que estava. No fim das contas, o exame detectou que eu estava com pneumonia. Mas o lance foi justamente o exame. Na minha cabeça, eles me levaram pro Rio de Janeiro pra fazer o exame. Meu pai e o Dudu foram comigo. Era o Sírio do Rio, ué! rs E aí beleza, eu fui entrando na sala pra fazer o exame. Ao entrar na sala, ouvi uma voz e reconheci. Era o Ronaldo Fenômeno! Sério, eu tinha certeza e tentei levantar a cabeça um pouco e o vi, deitado em uma maca também pra fazer um exame. Aí, eu "caralho, caralho, caralho!!! É o Ronaldo!" Mas eu não conseguia falar, a voz não saía, e o que saiu foi "Ô Ronaldo, eu sou Curintia, mano!" heheheh. E ele falou alguma coisa e perguntou o que tinha acontecido. Eu sei lá o que eu consegui contar, mas falei alguma coisa. E só lembro dele falando "caraaaaca mermão!" E logo ele foi pra máquina fazer o exame. Claro que ele foi antes que eu, né! E eu fiquei meio sem entender, era muita morfina, "será que isso rolou mesmo? Deve ter rolado, pois eu estou no Rio!" Aí a primeira pessoa que eu vi, sei lá quanto tempo depois - eu tinha dormido - foi a Jack, que dormiu lá esse dia. E eu pedi o meu caderno. E escrevi "Eu vi o Fenômeno!" Ela olhou pra mim e fez uma cara de "vixi, o moleque pirou, deve ter visto uma luz, encontrou com Deus, iiihhh fudeu!" Aí eu balbuciei "não, eu conheci o Ronaldo!" Aí ela deve ter pensado "Ah, tadinho, deixa ele acreditar nisso, né! Ele gosta dele, vai achar que conheceu e ficar feliz!" heheheh Aí, na sequencia, aparece o Abner, um dos médicos, e fala "Ae Renato, hein! Foi fazer o exame na mesma hora que o Ronaldo! Que sorte, rapaz!" Só assim que ela acreditou! Aliás, foi naquele dia que o Corinthians jogou contra o Flamengo, em 2009, quando ele saiu machucado e falaram que ele estava dando migué pra ajudar o Flamengo, que acabou sendo campeão naquele ano, lembra? Pois é, ele machucou mesmo! Lembro que fiquei maior feliz, nem acreditava que tinha conhecido o Ronaldo! Só pensava nisso, até esquecia do intestino, que tinha sido surrupiado! 
E a Jack achou esse papel em que eu escrevi. Eu anexei aqui. E vou traduzir, assim vocês conseguem entender a zona. E outra, desconsiderei qualquer preocupação com diagramação e tal. Porque, pra ficar de uma forma que desse pra ler, precisei colocar bem grande os arquivos, então ficou tudo bem torto e tal...


Circulado, está escrito "Eu conheci o Fenômeno..... na tomo (tomografia)". Não preciso dizer que a letra bonita não é minha, é da Jack. Aliás, em todas as folhas digitalizadas, eu estou "conversando" com ela. 



Circulado: "Ele perguntou o que eu tinha" ‘caraca’!" – Diálogo entre eu e o Fenômeno.
As outras duas folhas são de um pouco mais tarde. Aí minha letra já estava um pouco melhor. Mas ainda assim, vou facilitar seu lado e traduzir.

"Meu pai está por aí com a minha mãe. Eles gostam de conversar com vocês (familia da Jack)."
"Valeu, Amo muuuuuito"
Aí o papo volta ao Fenômeno "Ele estava com outros jogadores juniores fazendo exames" - Essa eu acho que viajei, mas beleza... Não devia ter mais jogadores juniores, era quarta-feira a noite, depois do jogo, de onde teriam vindo esses juniores?! Morfina te deixa, de fato, muito imaginativo! Já vi de tudo nessas horas... Algumas horas, é divertido até!
"Já mexeram aí umas 100 vezes, mó saco" - não sei, acho que era na borseta, que eu tinha acabado de conhecer.
"Não pega no meu braço, não sei porque mas tá doendo" – Isso era normal, eu sentia umas paradas e nem sabia de onde vinha!
"Hoje fiquei sabendo um monte de coisa de mim"
"O TUMOR SAIU!"
"Pena que levou umas coisas"
"Mas vocês é que foram muito fortes. Eu só ia dormir pra sempre!" - Se vocês repararem bem, vão ver um X em cima do "dormir". Provavelmente deve ter sido feito pela Jack, junto com uma bronca que eu devo ter levado por ter escrito isso...
"Lembrei da Sabina" - É a madrinha da Jack, uma mulher muito boa, enfermeira, que ajudou muito a Jack falando coisas e tal, tranquilizando ela nas horas mais tensas. Gosto bastante dela. E esse dia lembrei dela, não lembro de que forma, mas lembro que... É, lembro que lembrei! rs
O sol desenhado também foi a Jack que desenhou, né! 
"Ouvi dizer que estava difícil demais dar uma solução com vida pra mim"
"cara ñ desesperado > F. Ferreira" - Não sei o que eu quis dizer com isso... Fabio Ferreira é o cirurgião que fez a cirurgia.
"Eu quero ficar bom logo pra fazer você feliz logo como eu quero e você merece e eu quero!" - É, eu ficava muito ansioso com isso...
"Meu pai falou que você, como sempre, ajudou muito eles!" - Detalhe pra virgula, corretamente colocada na frase! Fala aí, o cara, babando, podrão, ainda consegue colocar a virgula e tal... Mandei bem, vai! heheheh
"Te deixaram entrar com essa blusa de bebum?" - É, uma piadinha pra quebrar o clima, sempre bom, né!



"Por isso ontem achei que estava no RJ, acredita?" - Eu naõ sei porque, mas achei mesmo que tinha ido pro Rio, pois era um exame que não se fazia aqui em SP...
"Era pra ver se alguem caia no meu .... " Acho que eu quis dizer no meu papo, ou algo assim! Vai entender... Eu não paro de falar merda, independente do meu estado... 
"É que eu acordei com muita vontade e pensei Ih, vai dar merda! Não fiz força" - Bom, essa parte é meio constrangedora de explicar. Mas como já foi, tudo bem. Foi uma vez em que acordei com vontade de  fazer um número dois. Mais aí, pensei "Ué, mas como que eu vou cagar, se não tenho intestino?" Enfim, foi isso. Sem mais!
"Queria falar com a Fisio. Estou com muita baba na boca" - É aquela história que eu falei, de não conseguir engolir saliva.
"O Daniel, ontem: ‘’lembro de umas fotos sua na cama de bebê jogado pra direita.E hoje você cai sempre pra direita também!’" - Isso o Daniel me falou em um dos dias que ficou comigo lá. Ele falou das fotos que de mim bebê, em que eu estava sempre torto pra direita. E nesses dias, eu estava todo torto, pra direita também! Lembro que ficavam toda hora me ajeitando na cama do hospital, já que eu não conseguia me mexer, então o meu corpo ia entortando de acordo com a gravidade! Eram sempre dois enfermeiros no esquema "um, dois, e... vai!" 

E agora vou colocar também a foto do grande Theo! Grande de espírito, por enquanto! Moleque nasceu com 2,8 kg. O moleque é figura, gosta de ficar na mamata, só no esquema come e dorme! Ele está com os olhos fechados, pois acabou de nascer, mas eu vi ele abrindo umas horas. Tem olhos muto lindos! Agora tenho dois sobrinhos! Quero ver quando um vier pra cá, e o outro ir pra lá. Imagina? O Theo tem um primo na Escócia pra viajar e tal, e o Cauê vai ter um primo no Brasil pra barbarizar por aqui. Esses dois se deram muito bem!  

Meu irmão com cara de "he he, acho que é assim que segura, acho que ele tá bem..."

Gusta, João, Mad, Sidão e demais, conheçam Theo Figueiredo Consonni, O Genro!



sábado, 17 de março de 2012

               Antes de qualquer coisa, a notícia mais importante do ano: Nasceu o  Theo! Meu sobrinho, filho do Daniel e da Andrea! Moleque lindinho, cabeludo. Corinthiano! Parece que puxou a mãe... pelo menos o nariz, ainda bem! Eu não tenho foto pra postar porque eu só vi ele de longe, no berçário, e não deu pra tirar uma foto digna de Theo Figueiredo Consonni! Então, no próximo post, eu coloco uma fotinho dele. Mas deu pra ver que é muito lindo. E já nasceu com nome, né tia Stella! Assim é mais fácil!
                Agora volto a escrever o blog normalmente, depois de uma longa e preguiçosa pausa. Na verdade esse é o primeiro post do ano!
Estou aqui em casa, hoje é 3ª. Feira de carnaval (é, faz tempo que comecei a escrever esse texto). Acabei de deixar a Jack no ensaio. Sabe, eu não fui viajar, mas estou bem porque foi por algo normal. Minha namorada tem que trabalhar. Sussa. Não é por nada grave. Então tudo bem. O que me deixa puto é quando meu corpo que me diz não pra algo. Os demais motivos... têm crédito! rs Bom, aí aproveitei pra almoçar por lá, num kilão. Não era o que eu queria comer, na verdade. O arroz com feijão estava classe. Foda foi escolher filé de frango, com uma costelinha de boi chorando pra pular no meu prato. Aí completei com cores saudáveis, como sugerem os chatos. Eu não sou fã desse tipo de comida. Mas beleza. Se houvesse uma formula certa, do tipo, comer isso no café da manhã, aquilo no almoço e tal, tudo bem. Juro que eu não estaria escrevendo sobre alimenação pela centésima vez. Mas a questão é que não funciona assim. E esse assunto é o que mais ocupa espaço na minha cabeça. Não é como quem quer emagrecer, que deve comer menos carboidratos, evitar doces e tal. Aí é fácil, meu! Tem até umas viagens, tipo um papo de não comer carboidratos após as 18h! Eu sempre acho que descobri a formula, o jeito certo de comer, que agora vai... Mas, nada! E eu já fiz todos os tipos de pesquisa, on e off-line, pra ver se achava alguma informação sobre uma dieta específica para o meu “perfil”, que é um cara que fez transplante, mas não tem intestino grosso. Sim, porque existe muitos dados sobre dietas para quem fez transplante, para quem tem síndrome do intestino irritável, pra quem quer emagrecer, engordar, pra quem tem intorlerância a isso, aquilo... Enfim, pra diversas configurações que fogem ao “padrão”. Mas não tem uma pra o meu caso. Eu seguiria, com sorrisão no rosto. Mas, como eu já disse, não existe na literatura médica. Já fui em várias nutricionaistas. Acho que, se eu fosse gordinho, não teria problemas em emagrecer. Sei que posso parecer arrogante, mas é verdade. Até me incomodo um pouco com as queixas... Não me levem a mal, não é nada pessoal. Talvez inveja, só!   
Faz mais de um ano que fiz o transplante, um ano e meio, na verdade. E desde então, é a mesma história, não como isso, evito aquilo... Na verdade eu não me importo mais. Sério, sei que estou reclamando, mas eu não me incomodo em não comer, o que enche o saco é que mesmo não comendo várias coisas, dá merda. Não engordo, nem a pau! E tenho umas emergências que, meu, do nada tenho que parar e correr pro banheiro, no primeiro lugar que aparecer! Sério, já até tenho uma tática pra usar os banheiros de restaurantes e bares. Porque, assim, os caras não gostam que você use o banheiro sem estar consumindo. Mas eu não posso fazer nada, preciso usar, ué! Então eu entro com uma cara de tranquilão e pergunto se tem mesa pra uma pessoa. O cara me aponta uma mesa. “Beleza, só vou usar o banheiro rapidinho, onde que é?” E vou. Depois eu saio do banheiro e vou embora. O garçom tem que ser muito nóia pra vir atrás de mim, falando que eu usei o banheiro sem consumir! Mas se fosse o contrário, eu pedir pra usar o banheiro sem essa “introdução”, era capaz de o cara falar que não poderia usar. Tem dado certo.
Só pra constar, até porque sempre me perguntam, como informação técnica, como literatura médica, coisas que eu não como: chocolate (tentei uns desses que vendem em farmácia, mas... nossa!), doces com cremes (tipo torta de limão e afins... e mousses também!!), molho branco, leite, queijo amarelo (como, as vezes, o prato, mas o ideal é comer só queijo branco), fritura (nem lembro do último pastel), caldo de cana, salames e afins,  peixe cru, linguiças, bistecas, maionese, salsicha... enfim, x-burgers, a maioria das pizzas, a maioria das porções de qualquer bar. E isso eu que estabeleci. Na base da física, ação e reação!
Aí eu descubro alguma coisa, algum lance que ajuda o sistema digestivo a funcionar direito. Nas primeiras semanas, fico empolgadão: “puuuuta que pariu, descobri, é isso!” E aí engordo uns 5, 6 quilos. “Opa, daqui a pouco volto ao meu peso!” Mas depois de um mês, sei lá o que rola que atrapalha tudo, e eu emagreço de novo. E isso comendo direitinho, num esquema radical, de três em três horas e tal! Por exemplo, durante a semana, no trampo. Eu tomo açaí todos os dias, lá pras 16h. Imagina você, mulher que se acha gordinha, comendo açaí todos os dias! Eu como ainda um monte de banana – que é bem calórico - até chegar a hora da janta (jantar é coisa de bambi, eu como janta!). Meu, é barbárie, eu não engordo! O foda são as calça caindo! Sem usar cinto, é sinto muito - heheheh boa, vai!
Sabe qual a última que eu comecei a tomar? Elixir Paregórico, lembra? Coisa que dava pra criança com cólica e tal. Isso é um derivado do ópio e, por isso, faz o intestino funcionar mais devagar. No começo foi perfeito, eu fiquei regrado e tal, uma maravilha. Mas desandou. Bem no carnaval! Agora eu estou tomando um lance que produz os enzimas do pâncreas, que pode ajudar no processo. Uma possibilidade é meu pâncreas não estar dando conta de suas funções. Aí eu tomo, ou tento lembrar de tomar, sempre uma hora antes das refeições. Mas é muito foda pra um ser lesado como eu! Mas eu lembro. Quase sempre.
Então, como a Jack diz, acho melhor eu ir acostumando com essa minha nova configuração física! É, porque acho que vai ser assim mesmo, magrelo. Ou mais magrelo. Você pode se acostumar, também. Aquele rosto com bochechas, já era! rs A barriga vai ter uma pancinha fake. É, já que pela minha magreza, eu não teria barriga. O lance é que os órgãos que colocaram em mim são maiores do que os que eu tinha, de fábrica. E eu voltei a ter o peso que eu tinha com 19, 20 anos! São mais de 10, quase 15 quilos de diferença! Eu fico pensando, se não tivesse acontecido nada, será que eu estaria meio gordo agora? Não digo gordo, mais com uma pança, igual praticamente todos meus amigos. Bem capaz. Eu lembro que isso já era uma “preocupação” minha na época em que fiquei zoado. Eu pensava “nossa, tenho que começar uma academia, essa barriga tá foda!” hehehe Acho que eu estaria magrelo, tipo, as “perna fina”, mas com pança!
Mas isso pode mudar quando, daqui uns anos, o intestino delgado acordar pra vida, e perceber que o grosso foi embora, e que sobrou pra ele! Aí eu começaria a absorver a comida normalmente. E olha que eu tomo mais de 10 Imosec por dia! É, meu, aquele remédio que quando você está com caganeira, toma um e já trava tudo! Pois é, imagina se eu não tomasse!
E tem outra coisa que eu quero falar! Eu acho que eu tenho um lance com datas importantes. Sério, sempre que tem uma data mais legal, rola uma zica. No fim do ano, tive que tirar dois tumores, e não pude viajar. Tive o ano inteiro pra ter essa porra, e a cirurgia cai bem no dia 26 de dezembro! Ah se fuder, né! E perdi o réveillon. Depois, deu essa merda no carnaval, que eu fiquei zoado, não parava nada na barriga e eu mal consegui tomar uma cervejinha. Aí, qual a data seguinte? Meu aniversário. Foi dia 6 e, na semana anterior, eu comecei a sentir uma dor filha da puta na perna. Meu, sem noção, não conseguia dormir! No dia seguinte ao meu aniversário, nem fui trabalhar, pois não conseguia andar. Aí saiu o resultado, e eu estou com bursite trocandérica. Vê no Google. É uma dor muito forte, que só passou com uma dose de morfina na veia! E agora eu estou fazendo uma fisio cheio das firulas, lá. Ondas de calor, raios num sei o que... Melhorou, está bem mais sussa agora. As vezes para de doer, total. Mas dói!
Mas tenho que ser coerente com o otimismo que eu digo ter. Eu tenho, sim... acho. Olha só, se é pra dar merda, que seja longe da minha barriga, né! E essa agora foi no quadril, na perna e tal. Sussa! Um local praticamente virgem de zicas!
É isso aí, um beijo pra todo mundo aí! 

domingo, 25 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL!!!

Faaaaala!
                Tudo certo por aí? Por aqui, tudo tranquilo. Desde o dia 16 eu estou de férias. É recesso lá na organização. Pois é, acho que nunca alguém entrou em férias depois de ter trabalhado tão pouco! rs Não tinha nem dado tempo de me cansar... tinha começado a trabalhar no começo de Novembro, só! Mas claro que não sou louco de reclamar de férias, né! O dia que isso acontecer, aí é que deu póbrema aqui dentro da caixola!
                O trabalho lá está muito bom. As coisas estão caminhando legal... Mas bom, acho meio estranho, sei lá, ficar falando detalhes dessa rotina profissional aqui. Ninguém faz isso. Pelo menos não assim, online, pra todo mundo ver. Tirando que isso não é interessante pra todo mundo... Eu iria falar de coisas que pra mim são da hora e tal, mas porque eu curto isso. Assim como eu não me interesso pelo dia a dia de um engenheiro civil... Sei lá, então um engenheiro provavelmente não se interessa pela rotina de um captador de recursos. E o que interessa, na verdade, é se está legal, né, se estou curtindo, feliz e tal. E isso eu estou, então maravilha! Rs Vai Curintia! Aliás, eu perguntei pra uma amiga da firrrrma, que ocupa o mesmo cargo, o que ela responde na pergunta “qual sua profissão?”. Porque as minhas primeiras vezes nessa situação foi meio confusa. “Recursos o que? É RH né?”. Ou, pior “Ih, sei, conheço sim, é RH”, e falou baixinho pra pessoa ao lado: “menino enjoado, você viu?” E essa minha amiga falou “Meu, você se formou em publicidade, não foi? Então pronto: publicitário!” Foi meio brochante ouvir essa resposta. Porque eu, todo orgulhoso da minha nova função, queria mostrar, contar pra todo mundo, até pra tiazinha da loja, que eu fazia um lance que achava muito legal. E que não era publicidade. Nada contra publicitário, afinal, eu me dei conta que sou um, querendo ou não. É que eu não acho legal, assim como não acho legal ser engenheiro, ué - aliás, nada contra os engenheiros, também! rs. Mas se eu achasse legal, trabalharia com isso, né! Mas tive que deixar de frescura. É, eu sei, é uma puta frescura! E percebi que assim era bem mais prático. Profissão: Publicitário. Inclusive, essa amiga do trampo diz que até hoje o pai dela não sabe direito o que ela faz, exatamente.
                Mudando de assunto. Esse fim de ano está sendo meio confuso. Eu nem gosto de falar, pensei em nem contar pra ninguém sobre isso, porque as pessoas acabam ficando preocupadas e tal. Mas vou falar, porque o blog tem o lado de ser um registro também, né! Enfim, é o seguinte: eu fiz um exame de ressonância em novembro, começo do mês. Aliás, pra não ter que faltar no trabalho pra fazer esses exames, descobri o melhor horário: 7h de domingo. Não, não é foda. Eu vou lá, faço, volto e capoto até a hora que quiser. E não pego fila, nem nada. Porque, foda mesmo, é quando você acorda com sono e tem que trabalhar, pensar... enfim, fazer a cabeça funcionar. Mas exame, é sussa, quem trabalha são os outros. Ruim é ficar com os braços pra cima uma hora. O sovaco começa a formigar, e você ainda ouve a ordem da técnica de que não pode dormir. Como se fosse possível com aquele “béin béin béin tu tu tu tu” na sua cabeça. É muito alto, tipo colar o ouvido num bumbo! Eu perguntei “mas você está falando sério?” Ela disse que tinha que avisar, “é o procedimento aqui”. Aliás, você já reparou que “É o procedimento da empresa” e “é porque o sistema...” são desculpas pra tudo, pra qualquer coisa que não faça sentido?
Enfim, voltando. Depois de uma semana, eu voltei pra pegar o resultado. O cara que dá o diagnóstico, que é a parte escrita - a leitura do exame - que vem junto com as imagens, não mencionou nada. Eu li e, segundo esse texto... laudo, sei lá, estava tudo certo aqui dentro. Mas eu estava com uma desconfiança e falei pro meu médico dar uma conferida, pois eu não fiquei tranquilo com o diagnóstico do outro cara. E eu estava correto. Surgiram mais dois tumores: um nas costas, entre as omoplatas, lá em cima. E outro no abdome. Detalhe: esse médico que faz diagnóstico de exames faz só isso, é o trabalho dele, ler exames e procurar algo de anormal. Pelo que me pareceu, ele olhou igual a bunda dele. E esse foi o terceiro que eu fiz com a finalidade de checar possíveis problemas. Com certeza os tumores já estavam lá, mas o imbecil "não viu".
Claro que eu me preocupei mais com o da barriga. Mas, pelo menos, ele é subcutâneo. Isso quer dizer que ele é superficial, logo abaixo da pele. Não é lá dentro, no meio dos órgãos, do intestino, como o outro. Existe, entre ele e as tripas, o peritôneo. Dá um Google, lá. Ou seja, é bem mais sussa. Não corre o risco de ele enforcar as paradas lá dentro. E é menor. Tem uns 4 cm. E parece uma manga, o formato. Eu sinto ele, posso praticamente pegá-lo em minhas mãos. O das costas é maior, tem uns 6 cm. Mas esse eu nem me preocupo muito, porque já sei o que vai rolar: mais um pedaço de músculo tirado das costas, vai ser o terceiro que eu tiro, e depois aquela puta dor fdp, chata pra cacete. Mas, por pior que seja, é uma recuperação que depende de mim, não tem risco maior. Dor é aquela coisa, é um alerta do corpo pra alguma coisa. Mas quando você sabe a origem da dor, e que ela não é o meio, e sim o fim, é mais tranquilo. Eu lido bem com dor. Aqui é Curintia, né! A da barriga eu fiquei mais noiado, achei que poderia dar uma merda maior, sei lá. Mas não, pelo que vi, é tranquilo. Tanto que o Rodrigo, ao saber, disse que, se fosse algo mais sério, ele falaria pra eu ir pra lá, pra Indianapolis, fazer a cirurgia com ele. Mas, como não é na barriga (tecnicamente falando, é fora), ele não vê risco nenhum. É uma cirurgia “simples”.
                Bom, com essa notícia “em mãos”, a cabeça começa a fritar. Isso era lá pelo dia 29 de novembro. Eu tinha acabado de dar fazer o depósito de 50% do valor pra reservar uma pousadinha pra passar o réveillon com a Jack, em Paraty - havia tido a confirmação na Habitat de que teria esse recesso de fim de ano. E o médico quis marcar já para o dia 6 de dezembro. Eu fiquei meio assim... “será que dá pra ficar bom até o dia da viagem, dia 27...” O médico disse que dava, que era simples. Inclusive que eu poderia fazer a cirurgia na sexta e ir trabalhar na segunda. Achei que tudo bem, então. Aí fui falar pra Jack, ver o que ela achava. E uma coisa que eu odeio nessas horas é dar a notícia pras pessoas. Por isso quase não escrevi aqui antes. Ela ficou triste, mas tentou disfarçar. Odeio sentir as pessoas tristes por mim. Não fiquem, está tudo certo. Sem querer dar uma de metido, isso é tranquilo perto do que eu passei. É o lado bom de ter vivido isso tudo. Não me abalo assim, fácil. Fico triste, mas tenho muito mais motivos pra ficar feliz, então, a média final é azul, suficiente pra passar de ano! rs
Decidi: “então beleza, faço no dia 6. Vai que esse tumor cresce... Melhor fazer logo e boa.” Mas, depois falamos com outros médicos, e achamos melhor esperar, examinar melhor e ver com calma. Sem pressa, senão o simples podia ficar complicado. Poderia operar ano que vem, foi o que ouvimos. E claro que eu estava facinho, facinho pra aceitar essa idéia – isso garantiria minha viagem de fim de ano. A decisão passou a ser, então, farei no ano que vem. E nesse meio tempo eu acompanharia a evolução desse tumor, pra ver a melhor data pra operar, e ia vendo detalhes da cirurgia, como uma tela que tem que usar, pra proteger a região da qual vai ser extraído o tumor. Isso porque eu não tenho mais músculo na barriga. E não tem gordura também, o que dificulta a fixação dessa tela. Ou seja, o lance não era sobre como tirar o tumor, e sim como iria fechar a minha barriga depois. E tinha que ser uma tela orgânica, já que o tipo normal, sintética, poderia causar uma rejeição, pois ficaria em contato com o intestino e tal. Ou seja, seria necessário um tempo maior pra estudar o procedimento. Não era só “tira logo, pra eu ir viajar no fim do ano!” Claro, porque nada comigo é simples. Nunca foi, não seria agora.
                O tempo foi passando. E conversei com a Jack. Ou melhor, a Jack conversou comigo. Ela me convenceu que seria melhor tirar logo o tumor, pra não correr o risco de ele crescer mais ainda, e dar merda. Viu como tudo muda rápido? Depende apenas do ponto de vista. E que a gente podia deixar pra viajar depois, teríamos muitas oportunidades e tal. Tinha muita coisa envolvida, como meu trabalho – eu acabaria perdendo alguns dias. Se eu fizesse agora, já começaria o ano zerado! Assim, eu achei que estaria sendo mais honesto com o pessoal do trabalho... E o pessoal da Habitat tem sido muito honesto comigo. Na verdade, eu seria mais correto comigo também, no que se refere ao meu corpo, minha saúde. Porque vai que essa porra desse tumor cresce muito nesses dias... Não dava pra saber a velocidade que ele tinha crescido, pra prever se um mês faria diferença, ou não. Vai que a gente volta da viagem e ele cresceu um monte. Então a decisão mudou, de novo. “Vou fazer, já!”, eu pensei. Mas aí apareceu esse problema. Um problema novo, pra gente brincar! A tela, que vai colocar pra proteger as paradas aqui dentro, indicada pelo Rodrigo não existia aqui e, pior, não tinha a aprovação da Anvisa. Isso praticamente impossibilitava o seu uso. Só uma observação: valeu, Anvisa, é isso aí... Não pode colocar a saúde antes da burocracia, né! Aí, o médico foi atrás de uma “versão” dessa tela disponível no Brasil. E esse processo demorou mais uma semana. E eu sem saber quando teria a tela pra fazer a cirurgia. “Será que farei esse ano? Cancelo ou não cancelo a pousada?” Passou a não ser mais uma decisão minha, fiquei meio ansioso. Aí, na segunda feira passada o médico achou a tela. E marcou a cirurgia pra quarta-feira, dia 21. Beleza. Cheguei pra internar e fazer a cirurgia, mas uma gripe me impediu. Eu estava só com o nariz escorrendo e uma tosse chata, mas como tudo comigo é mais complicado, acharam melhor adiar a cirurgia... Pra não correr risco, já que tomo imunossupressores fortes e tal. Foi bem frustante, é ruim se preparar pra cirurgia, ficar internado e tal e depois não rola. Não que eu goste de ser internado, mas é que não queria ter que me preparar de novo. Tem jejum também. Mas agora está marcada pra segunda feira, dia 26/12. Amanhã.
                Já cancelei a pousada. Achei que, com documentos provando o motivo, seria ressarcido. Não rolou, mas ao menos, ao invés de perder a grana, vou ficar com o crédito na pousada, pra usar mais pra frente. E é isso aí! Vou tirar os dois tumores de uma vez. Pensei em tirar primeiro só o da barriga, pra me recuperar mais rápido e tal. Mas o foda é que aí o custo da operação dobra. São dois auxiliares, dois intrumentadores, dois anestesistas... Só espero que eu tenha alta do hospital antes do réveillon.
Mas calma, tem uma notícia boa! rs Eu fiz outro ezame, a colonoscopia, que é o pior exame da história da humanidade! Era o que eu tinha mais medo, já que ele vê lá dentro, e acusa se tem algum pólipo (que pode virar tumor), e diz se continuo sendo um bom anfitrião aos 7.385 órgãos transplantados. E a noticia legal é que está tudo certo com os órgãos, e não tem nenhum pólipo enchendo o saco. Isso porque os órgãos não são de fábrica, o que exclui a possibilidade de surgirem pólipos nesses órgãos... Definitivamente. Eles não tem a síndrome de Gardner. Legal, né!
                Aí é isso! Agora vou nessa, porque ao adiar do dia 21 pro dia 26, eu garanti uma ceia de Natal tranquila. E, na verdade, é bem melhor fazer a cirurgia logo. Além de começar o ano zerado e tal, vou estar melhor quando meu sobrinho chegar, dia 16 de Janeiro! E mesmo que eu passe o réveillon internado, vai ser bem mais sussa, porque essa vai ser a última cirurgia que eu faço. Depois dessa, vou fazer exames a cada mês, de corpo inteiro, e vou ficar em cima, pra garantir que nada passe desapercebido, como dessa vez. Aí é foda, porque quando vou ver, já está desse tamanho! De agora em diante, se tiver um tumor do tamanho de um grão de arroz, eu já tiro e pronto. Aí é tranquilo, nem chega a internar, nem nada.  
                E é isso aí! Ah, e hoje é Natal... É que eu comecei a escrever esse post no começo da semana... Enrolei, enrolei... E aproveito pra mandar um feliz Natal pra todo mundo! E por mais que esteja um calor da porra, em que mesmo um magrelo sem tecido adiposo acorda grudando no lençol de tanto suar, eu prefiro em relação ao frio. Essa época, no ano passado, eu estava congelando lá em Indianápolis, reclamando do frio, a 20 graus negativos. Só o fato de você poder sair de casa quase do jeito que acordou – é colocar uma camiseta e uma berma, achar o chinelo, e boa – já vale. E tirando que esse Natal é alvinegro paulista pentacampeão!
                Beijo pra todo mundo! E Feliz Natal pra noiz, queiroiz!!!!!
Ah, e a Stella passou o link de umas fotos que um fotógrafo amigo deles tirou do Cauê! Animais as fotos, o moleque esta cada vez mais bonito! Já até faz pose, todo e todo! Orgulho do tio Renas!
O link é esse http://marktimmphotography.com/





sábado, 19 de novembro de 2011

Faaaaaala!
                Quanto tempo! Demorei dessa vez. Faz um mês do último post do blog. É que essas últimas semanas foram de muita correria!
                No fim de semana do meu aniversário, eu fui pra São Joaquim. Nem lembrava a última vez que eu tinha ido pra lá. Vi um monte de primos e tios e tal, matei a saudade do sítio... Ficamos uma semana, quase. Conheci um barzinho em Franca... Praia em Miguelópolis – Sério, os caras construíram uma praia em volta do rio que tem na cidade. Eu gostei. Encontrei os meus cachorros, o Bambu e o Capim, que eu não via há mais de um ano. Estava com muita saudade desses dois! Quando eu cheguei, eles tinham acabado de fugir. Eles, de vem em quando, fogem... Quando a gente vacila e deixa, por uns segundos só, a porteira aberta. E voltaram zuados, como sempre. Nem se mexiam. Mas até aí, normal, porque eles ficam na barbárie um, dois dias e voltam podres, morrendo de fome! Mas o Bambu não melhorava. Teve uma noite que ele não conseguia se levantar. Meio que desmaiou. Então, meu pai e o Daniel o levaram pra um veterinário em São Joaquim. Isso era sexta a noite. Ele estava com doença do carrapato. Eles pegam isso das capivaras. Sei não, acho que eles iam tentar encarteirar as capivaras que ficavam no córrego e tomavam umas mordidas... A gente voltou no fim de semana. Quando foi 2ª. feira, o Daniel ligou. Falou que o Bambu teve umas convulsões e, em seguida, uma parada cardíaca! E o Bambu morreu! Pois é! Tudo causado por uma porra de uma febre emaculosa! Ele tinha menos de três anos. Fiquei bem triste. Foi um puta susto. Eu nem cogitava isso. Ele era super forte, um boxer de respeito. Foi nosso primeiro cachorro. Ele era muito bom... Um puta cachorro. E eu até fiquei pensando: fazia quase um ano e meio que eu não o via, e ele foi morrer logo depois que eu voltei de lá. Sem querer achar isso ou aquilo, mas não consegui deixar de pensar que ele me esperou pra morrer. Pô, não é? Foi um dia depois de eu ir embora que ele morreu! Fiquei emocionado. O Bambu era foda! Limpei muito cocô e xixi desse cachorro! Aliás, no dia que eu fui buscá-lo, ele, com menos de um mês de vida, já vomitou no meu colo, no carro mesmo. Foi o “oi” dele, pra mim! Mas nem consegui ficar bravo. Aliás, o tempo em que ele ficou no meu apartamento em São Paulo, até terminar as vacinas, o bichinho barbarizou! Mas agora se desfez a dupla Bambu e Capim. E o Capim era meio capacho do Bambu, seguia ele em tudo. O Bambu era o irmão mais velho e tal. Ainda não vi o Capim depois disso. Vamos ver o que vai dar, como ele vai ficar. O Daniel diz que umas horas, o Capim sai andando, como que se procurasse pelo Bambu. Mas enfim, essa foi a parte triste da semana. Bem triste.
                Mas a sequência dos dias foi boa. Foi bem agitada. Nada como um dia depois do outro, né? Fiz contato com outras ONG’s, pra trabalhos voluntários. No meio do caminho, eu fiz uma entrevista em uma ONG muito interessante, que faz um puta trabalho legal, chamada Habitat para a Humanidade. Foi uma conversa muito boa, na qual me senti muito bem. Além de ter achado a casa muito aconchegante. Sem aquela cara de escritório, com tapete azul e paredes cinzas. Eu sei que isso não tem nada a ver, na verdade. Mas a mim causou uma boa impressão. Acho que eu tinha, ou tenho, um certo bode de tapetes azuis e paredes de acrílico, ou plástico, ou PVC... sei lá, cinzas. Me ligaram no mesmo dia, e pediram uma apresentação, já que não conheciam meu trabalho na prática. Apresentei e, no dia seguinte, pela manhã, eu estava contratado! É meu! Agora acabou a mamata, voltei de vez pra labuta! Rs Duas palavras legais essas, mamata e labuta. E rimam! Mas cada uma tem seu momento. Agora eu estava cansado da mamata, com saudades da labuta. Sim, eu sei que estou forçando a barra falando que estava até hoje em uma mamata. Isso é brincadeira. Acho que podemos dizer que eu estava a muito tempo parado. Mas não estava fazendo corpo mole. Estava mesmo é contundido! Mas porra, nem o Ronaldo Fenômeno (meu amigo, depois eu conto essa história), ficou tanto tempo impedido de exercer sua profissão por motivos de saúde, meu! Tirando alguns intervalos, porque quando eu estava recuperando o ritmo de jogo, vinha outra contusão, eu fiquei de molho quase quatro anos. E meu, sério, é aquela coisa: quando você está na correria master mega blaster plus, o que você mais quer é parar, não ter mais que trabalhar. Mas meu, quando você passa, sei lá, um mês, dois meses sem nada pra fazer, além de coçar o saco, bate um desespero. Se eu fosse mulher, diria faniquito. Mas aqui é curintia! Meu, eu saía na rua e tinha inveja de qualquer pessoa que eu visse que estava trabalhando. Sério, qualquer trabalho... Bom, na verdade, quase todos. Aliás, eu poderia citar alguns barbárie. Mas vai que você está almoçando, jantando, sei lá. Melhor não. Rs Mas eu me sentia meio desconfortável na situação de estar em recuperação. Eu sempre fui chato comigo, me cobrava demais. Não aliviava. Mas hoje, pensando que cheguei a ir em entrevistas até quando estava com a borseta na barriga... Acho que eu era meio sem noção, até!
                Mas, enfim, agora é vida nova. Vou começar a trabalhar em algo que eu realmente queria, que eu acredito... Onde eu vou ter prazer mesmo! Já se passou uma semana e meia aqui. E não posso deixar de pensar no simbolismo disso. Agora sim, eu deixei meu passado pra trás. Me refiro as coisas que não me deixavam ser feliz, a parte pesada. Não que meu trabalho antigo me fizesse mal, ou fosse o motivo de todos meus infortúnios. Claro que não! Mas não me fazia bem, também. E eu não vou mais perder tempo com qualquer coisa que me deixe dúvidas. Acho errado a gente sofrer pro dificuldade de desapego. Cansei de ter esse tipo de dúvida, que na verdade não é dúvida, é medo de ver a verdade, quando a verdade não é muito cômoda, ou pior, te dá um tapa na cara. Se for ver, é uma questão de mexer ou não a bunda. Sair ou não da zona de conforto. Sei lá, tem várias formas de se referir a essa questão. Acho que a mais direta é se você quer ou não ser feliz. Mas feliz mesmo, de uma forma que a gente nem sabe que existe. Porque dá medo. E já penei demais pra perder tempo. Eu quero o outro extremo do que eu vivi nesses anos. “Será que vou no cinema ou alugo um filme”. Isso, sim, é dúvida legal! Rs E hoje minha certeza é que trabalhar no terceiro setor é o caminho pra eu ter uma rotina mais saudável. Eu digo saudável pra cabeça, pra alma, pra tudo!
                Minha irmã me escreveu uma carta, vou transcrever aqui. Faz muito sentido. E quando ela me mandou essa carta, acho que foi lá pra 2005, eu ainda não pensava direito em mudar de área. Era um lance confuso, eu não entendia o que eu queria. Estava com medo dessa disritmia dentro da minha cabeça. E eu nem tinha falado disso pra Stella. Aí ela me escreveu essa carta, em um cartão todo bonito, porque era meu aniversário. Lembro de ter pensado: “pô, mas como ela sabe!” Logo percebi que ela estava falando da forma como ela vê a vida, o que ela acredita e tal. Ah, e ela escreveu em inglês, porque desde aquela época o português dela já tava pior que o inglês, eu acho. Ela mora no Reino Unido a uns onze anos. Quem não manjar de inglês, manda um Google Tradutor que já era.
“As you go in this world...
Always believe in your dreams.
Keep looking forward to the future…
to all you might be. Don’t let old
mistakes or misfortunes hold you down:
Learn from them, forgive yourself…
or others… And move on. Don’t be
bothered o discouraged by adversity.
Instead, meet it as a challenge.
Be empowered by the courage it
takes you to overcome obstacles.
Learn things. Learn something new
every day. Be interested in others
And what they might teach you.
But do not look for yourself in the
faces of others. Do not look
for who you are in other people’s
approval. As far as who you are
or who you become goes…
the answer is always within
yourself. Believe in yourself.
Follow your heart and your
dreams. You... like everyone...
will make mistakes. But so long as
you are true to the strength within
your own heart… you can never go wrong.

                Ah, e eu dei uma entrevista pro portal da Band, e saiu uma reportagem lá! Tem até foto minha! rs Estou meio estranho, mas acho que isso não tem solução! Rs Dá uma olhada lá: http://www.band.com.br/viva-bem/saude/noticia/Default.asp?id=100000467690  E aliás, um monte de gente me mandou umas mensagens, deixou recados e tal. Um mais legal que o outro. E não adianta, eu não sei agradecer isso direito. Fico sem graça. Mas meu, não tem preço! Desde que eu estava nos EUA, a força que vinha através de todos, foi muito importante. Pô, imagina só, alguém falando pra você as coisas que eu tenho ouvido sobre o que rolou comigo. Eu fico todo feliz, orgulhoso até. Como eu já disse antes, eu nunca tive essa pretensão de ser exemplo pra ninguém. Nunca nem parei pra pensar nisso. Eu apenas tentei tocar minha vida da forma que fosse melhor pra mim. Questão de sobrevivência, né. O que eu pensava é que eu não queria ser uma história triste. Com as barbáries que rolavam, estava se caracterizando uma história meio trágica até, de um cara que só se ferrava. Teve um dia que eu pensei muito nisso, quando fiquei sabendo que o João ia ser pai. Já falei isso pra ele, eu acho. Esse dia eu me vi no meio de uma comemoração, acho que era aniversário dele, um dos dias mais felizes na vida do cara, que é meio que um irmão meu. E eu pensava na minha vida, que eu estava no outro extremo. Não tinha nada pra comemorar. Por mais que me dissessem que eu tinha que comemorar minha vida e tal. Ah para vai, eu estava sendo uma vidinha bem insuportável, pô! Fiquei me sentindo mal porque achei que eu representava um contraste, uma tristeza pela minha situação, na vida de quem convivia comigo. Essa foi uma das nóias que surgiram na minha cabeça. E então, nesse dia do aniversário do Preá, eu me dei conta: se você está vivo, é pra ser feliz, ué! Eu que me virasse, mas o lance era ser feliz, eu tinha que dar um jeito! Eu não poderia deixar de tentar chegar o mais próximo disso! Nessas horas vinham coisas boas na minha cabeça, estímulos, e eu saía atrás dos prazeres possíveis. Bom, sei lá, olhando pra trás, e conseguindo ver com um pouco de distanciamento, vejo que, sem perceber, minha cabeça deu uma sambada pra contornar essa lambança toda que apareceu pra eu lidar. Porque, pra mim, é isso. Apareceu isso tudo na minha vida e esse foi o único caminho que eu consegui enxergar, ou decidi enxergar. Mas precisei da lanterna de muita gente, porque a minha ficou sem pilha várias vezes.
                Mas é isso aí! Valeu a todos pelo carinho com as palavras! Nunca vou esquecê-las!
                Ah, e amanhã – sábado, 19/11 - vai sair uma reportagem sobre mim na Isto É. Mas não é uma reportagem sobre a epopéia. É sobre transplante multivisceral, e a mulher estava pesquisando o assunto e caiu aqui no blog.
                Beijo pra todo mundo!

sábado, 15 de outubro de 2011

MEU ANIVERSÁRIO!!!!

Faaaala,
                Então, hoje é sábado, quase domingo. E nesse domingo, dia 16, é meu segundo aniversário! É meu, faz um ano que eu fiz o transplante! Um ano!! Eu nem acredito! Passa muito rápido. A essa hora, 18h30, eu estava no hospital, na expectativa se iria rolar o transplante ou não. Tentava dormir pra passar o tempo, mas não rolava. A gente foi avisado da possibilidade do transplante as 11h do dia 15/10. A partir daí eu fiquei internado, nos preparativos. E o transplante só foi acontecer as 7h do dia seguinte, 16/10. Vou sempre comemorar muito esse dia! Foi quando eu recuperei o prazer de viver, no lugar da luta pra sobreviver! Era o que eu mais queria: que passasse um ano, logo! Estava tentando lembrar o que eu pensava, na época, que estaria acontecendo hoje, um ano depois. Como eu estaria e tal. Pra ser sincero, não lembro! O que pensava que seria legal, que eu lembro agora, é que, em um ano, eu não estaria tomando mais tantos remédios. Pensava “Nossa, imagina, daqui a um ano, sem vários desses comprimidos...” E, realmente, agora só tem um remédio que realmente é essencial e vital, que é o: Prograf, O Imunossupressor – tipo nome daqueles reis das antigas, rs. Mas um que eu odiava tomar, que tinha que tomar dois por dia, um tijolo de 450mg, eu parei na semana passada. Era o Valcyte, O Antiviral! E eu acho, não sei, que ele atrapalhava bem o funcionamento do meu sistema digestivo. Era meio pesado. E eu não podia esquecer-me de tomar. Agora, que eu não posso esquecer, é só o Prograf. O resto é Aspirina, pro sangue, Omeprazol, pro estômago, o Coumadim, um anticoagulante, de vez em quando um Digesan, pra acordar o povo aqui dentro. E o bom e velho Imosec, claro. Ah, eu tomo umas vitaminas também. Mas enfim, sussa. Já cheguei a tomar uns quarenta comprimidos por dia. Tinha que acordar durante a noite pra tomar. Hoje, se não me engano, são dezenove. Mas tranquilo. São, basicamente, três “grupos” por dia. Nenhum durante a noite.
          E tem um lance que rolou na hora do transplante que eu não lembro se contei. Porque na hora do "vamo pra faca!", minha mãe foi comigo até a porta da sala de cirurgia. Aí, falaram pra ela que eu iria pra UTI logo depois da cirurgia, e que era no sexto andar. Ela deveria ficar lá pra esperar por notícias sobre o andamento do transplante. E quando ela chegou no andar, não era lá a UTI. E ela começou a chorar, tadinha. ela contando: "ah, eu não achava a UTI, comecei a ficar desesperada, porque não estaria lá na hora que fossem dar notícia. Não conseguia nem andar de tanto que eu chorava. Aí apareceu uma enfermeira que me viu chorando e eu falei pra ela. Ela entendeu e me levou ao local certo!" Parece que, nesse mesmo dia, tinha ficado pronta a nova UTI, no quarto andar. E até então era no sexto. Daí a confusão! Tadinha, imagina o estado da minha velhinha. Já estava tensa comigo lá na sala de cirurgia, e ainda fica perdida no hospital! 
E, de forma geral, a minha recuperação caminhou bem nesse ano. Tive uns percalços, como a cirurgia de emergência antes de voltar pro Brasil, e aquela internação, logo que voltei pra cá. Mas agora a maré está mais calma. Está tudo certo. Como escrevi uma vez, faz muito tempo, o lance é devagar e sempre. Assim as coisas vão melhorando. Como preciso continuar engordando, tenho sido bem disciplinado na alimentação. Eu quase não como quando saio de casa. Prefiro evitar, pra não correr risco de dar um revertério. Na verdade nem é um revertério, de fato. O lance é que minha digestão é mais rápida, mesmo. Não tenho intestino grosso, né. Então, na maioria das vezes, se eu como o tanto que tenho vontade, até matar a fome, logo fico com vontade de... enfim, contemplar azulejos no banheiro, vai. E isso pode gerar uma situação complicada, já que não é todo lugar que tem os recursos necessários para esse momento tão singelo! Por exemplo, ontem fui ao Pacaembu assistir o Coringão. Aliás, fazia dois anos que eu não ia ao estádio! O último tinha sido em 2009 contra esse mesmo Botafogo! Foi animal, estava bem cheio. Só o resultado que não foi legal. E eu não agüentei ficar muito tempo em pé. As costas doíam pra cacete! Mas sentado, não dá pra ficar, você não enxerga nada. Mesmo assim, teve umas horas que eu desencanei e sentei, porque, com aquela porra daquela dor, não dava nem pra prestar atenção no jogo! Só sei que cheguei em casa quebrado. Mas valeu a pena!
E pra resolver isso, ficar zerado das costas, eu estou fazendo uma fisioterapia forte. Dou uma ripa nas sessões. E o meu fisioterapeuta não alivia! Não é esquema de esticar o bracinho pra cá e pra lá, não meu! O bicho pega! E tem que ser assim. Eu gasto cada gota de energia. E saio podrão de lá, sempre. E é o jeito, já que tiraram uma picanha de lá, e quando eu estava melhorzinho, foram lá e tiraram outra. Preciso equilibrar a bagunça que virou o meu lombo! E já fez uma baita diferença, pelo menos em relação a força. Já não fico cansado tão rápido. O que pega mesmo é essa dor nas costas. Na maioria das vezes que eu saio a noite e tal, o que me faz voltar pra casa mais cedo é essa dor. Principalmente, se é um lugar onde todos ficam em pé! Eu agüento até onde dá, mas chega uma hora que eu fico de saco cheio e canso de tentar ignorar a dor. Fica chato, eu deixo de curtir e bodeio. Ah, mas a parte legal é que, se chego em algum lugar que o pessoal está sentado, logo alguém levanta pra me dar lugar! Heheh O pessoal é gente fina comigo.
Ah, mas eu falei do jogo por causa do papo de comida, né? É sempre assim, eu começo falando de uma coisa e, quando vou ver, estou falando de outro lance nada a ver! Não que eu seja lesado. Então, voltando. A gente chegou cedo ao Pacaembu e foi a uma padaria, lá perto. Eu até pensei em comer alguma coisa e tal. Mas tinha a chance, grande, de dar merda. Literalmente. Então eu preferi ficar de boa, comi uns croissant sem recheio, tranquilo. E deu certo, no jogo não pegou nada. Imagina, só faltava essa. No meio do jogo... Aquele banheiro cheirosinho de estádio! Imagina o drama que não seria! É uma opção que eu faço. Abro mão dos prazeres da mesa – meio bicha, né! - pra poder ficar de boa e curtir o momento! Pena que não é sempre que rola. Mas quando eu consigo, fico maior orgulhoso quando chego em casa! É praticamente como se sente um ex-fumante que passa a balada sem fumar, apesar da cervejinha, que passa a balada inteira te instigando, implorando por um trago. Mas aí você só acha legal no dia seguinte, quando acorda e pensa “Puta que pariu! Não fumei durante a balada inteira! Classe!” É, bom, não sei se é a melhor comparação, na verdade. Mas é assim que eu me sinto no dia seguinte, quando consigo evitar umas paradas mais indigestas. Esquema AA, mesmo!
E minha alimentação tem sido assim, bem regrada. Por exemplo, não como lingüiça, evito carne de porco, não como salada, nada cru, fora de casa. Japonês, nem pensar! Não como muito queijo. Quase não tenho tomado refrigerante. Vou testando uns sucos. Agora estou na fase do de goiaba. Vou até enjoar, aí troco. Não tomo leite, nem iogurte. Sorvete, também não. As vezes tomo aqueles frozen yogurt, mas acho meio sem graça, já que pra ficar bom mesmo, tem que por as coberturas, que eu não posso muito. Em relação a doces é mais foda. Eu não como quase nunca bolo de chocolate, tortas com creme, recheios, essas paradas. Sanduíche, tipo x-burger, não rola. Sempre que eu penso “ah, um só é sussa, peço sem bacon!”, vou lá e como, não dá certo. Várias vezes, eu tenho vontade de comer um hot-dog, mas desencano. Se bem que esses dias eu comi, um daqueles mini, tipo de festa de criança. Não como fritura também. Pastel, eu nem lembro a última vez que comi. Caldo de cana, também. E tem outras coisas, que eu não lembro agora. Por outro lado, todo dia eu tomo um açaí. Bato com banana e mel. Fica animal! 
Assim, se for parar pra pensar, tem coisa pra caramba que eu não como. É verdade. Mas eu nem penso nisso todo dia. Já estou bem acostumado. Tanto que, quando me perguntam como está minha alimentação, se posso comer de tudo e tal, eu respondo que sim. Depois começo a pensar e ver que não é bem assim. Mas estou lidando bem com isso, na verdade. O que ferra mais é doce, mesmo. Sempre fui “do doce”. Eu tenho comido uns doces de fruta. O da moda agora é aquele de banana cristal, sabe? Como umas compotas também. Muita fruta. Tive que rever meu conceito de que fruta não é sobremesa! Na verdade, minha alimentação é saudável pra cacete! Não que eu queira ser saudável. Eu até acho legal. Claro, só um imbecil acharia ruim ser saudável. Mas não é o motivo. É mais prático mesmo, dia a dia: se eu comer esse macarrão aos quatro queijos, não consigo absorver nada, vai tudo embora. Logo, emagreço. Agora, se eu comer esse macarrão ao sugo, não vai rolar barbárie nenhuma aqui dentro, e eu vou me sentir melhor. Ou seja, o lance de ser saudável, vem de tabela. Praticamente involuntário! E posso dizer que estou conseguindo lidar até que bem com isso. Acho que, se eu fosse um gordinho precisando emagrecer, ia ser sussa! Porque é uma situação mais simples. É, porque o problema de o cara comer uma torta de chocolate é que ele vai quebrar a balança. Mas isso vem depois. Na hora vai sentir só o prazer. No máximo um peso na consciência depois. No meu caso, não. O bicho pega na hora. Além de eu emagrecer, e rolar uma barbárie na minha barriga, eu vou ter que correr atrás de um lugar pra poder meditar! Dependendo de onde eu estiver, gera um constrangimento.
E o mais importante de tudo, que eu sempre lembro quando fico puto ao ter que evitar uma linguicinha num churras, é que até pouco tempo atrás, eu não podia comer porra nenhuma, né! Então, pra quem não comia nada, até folhas de endívia é algo suculento, vai! E outra coisa, desde que eu saí da última internação, já aqui no Brasil, eu engordei seis quilos! Essa é a principal recompensa pra chatice toda de ter que lidar com essas restrições. Ainda estou bem magro. Mas com mais uns seis, sete quilos eu fico próximo do que eu era. Aí, também, já dá pra dar uma barbarizada, de leve, na alimentação. Isso porque já vou estar em um peso mais seguro.
 Bom, é isso. Por mais que eu já tenha falado sobre esse assunto alimentação muitas vezes, é algo que está sempre mudando. De acordo com a evolução da minha recuperação. E é o que está pegando mais, mesmo. Então, se mantém um assunto atual! rs E também, eu quis falar disso agora porque esse post é meio que um relatório de um ano do transplante... Como está o meu corpo depois de um ano que recebeu órgãos novos e tal. Mas, o mais importante de tudo é que está rolando uma integração boa aqui dentro. O povo se entendeu muito bem. Isso é o que importa! Nunca teve nem um início de rejeição. E é esse o maior medo de quando se faz um transplante. Ainda mais envolvendo o intestino, que é o órgão que tem o maior risco de rejeição, em qualquer transplante. E, com o tempo, meu intestino vai funcionando cada vez melhor, meu corpo vai ficando cada vem mais ninja, e é isso aí! 
O negócio é comemorar esse aniversário! E o ano tem sido muito legal... Ganhei um sobrinho lindo, o meu irmão mais velho, o Daniel, também está esperando um herdeiro... Enfim, sem falar em outras coisas legais que eu estou vivendo. Mas acho que esses dois fatos ilustram bem a nova fase, bem melhor, pra todos nós! Bom, eu estou falando aqui assim, todo empolgado... Mas, assim, se alguém não estiver muito bem, me dá um toque! Heheh Estou aqui, mais do que querendo retribuir tudo, de todo mundo! 
Mas legal, agora vou ter dois aniversários por ano! Um no começo do ano, e outro mais pro final! Classe! E esse eu vou comemorar em São Joaquim! Tia Ana, prepara as esfihas, que eu estou chegando! heheheh
         
         Beijo pra todo mundo!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

EPOPÉIA 21

Oooopa!
Então, vou continuar com a Epopéia! Pra não perder o embalo! rs
Bom, então eu acordei da cirurgia, achando que tinha ido fazer uma cirurgia simples, só pra resolver o lance de não conseguir engolir saliva! Quando vou ver, estou todo cheio dos tubos em uma sala, sozinho e sem conseguir falar. Aí, corta - é assim que eu vivia o lance, sem muita conexão entre os momentos. Eu via as pessoas da minha família, mas não me comunicava com ninguém. Não conseguia falar nada. Eu só observava, bem lesado.  
Até que uma enfermeira veio e perguntou “como é que está o corte?”. E eu levantei a camisola... ou avental, sei lá como chama essa elegante vestimenta. Nisso, eu vi um monte de esparadrapo e comecei a tirar. “Que porra é essa?”, eu pensei. Aí eu vi um pedaço do “x” que estava na minha barriga. Mas eu estava tão lesado ainda, que só pensei “ih!” E nem fiquei tentando adivinhar o acontecido. Como eu disse, não tenho muita noção do tempo que levou de um momento ao outro. Mas depois disso apareceu o Fabio Ferreira, que havia feito a cirurgia. Perguntei, daquele jeito, o que tinha acontecido, e ele disse que minha família viria me explicar depois. Que eu devia ficar quieto por enquanto pra recuperar, pois havia sido uma grande cirurgia. E realmente, eu estava sem voz, só sussurava um pouco. E não entendia direito as coisas. Mas ele disse que eu estava bem. Minha família estava esperando que eu pudesse conversar melhor, pra então me contar o que tinha rolado.
Mas eis que adentra ao quarto da UTI uma médica da equipe de assistentes do Paulo Hoff. Nós as chamávamos, carinhosamente, de Pauletes. Não por nada, apenas porque eram várias, e assim ficava mais fácil. Ao invés de falar “aquela, que eu não lembro o nome, da equipe do Paulo Hoff...” Você vê que “Paulete”, facilitava, né? Pois é, foi só por isso. E eu perguntei pra ela, assim como fazia sempre que via alguém, o que tinha acontecido:
- Você não sabe, ainda?
- Não!
- Tiraram o tumor inteiro!
- Puta merda, que animal, sério?
- Sim! Mas tiraram seu intestino, também!
- Ãh?
                Aí eu fiquei um tempo olhando pra minha barriga. Não caiu a ficha, por uns minutos. E depois eu até parei de pensar nisso. Acho que minha cabeça ainda estava voltando a funcionar depois da cirurgia, sei lá. Não fazia as sinapses, sabe?
                Quando minha família ficou sabendo que ela tinha me falado, assim, sem muito jeito, ficaram bem irritados. Queriam dar a notícia da forma mais suave possível. E correram pra tentar melhorar a situação. Não sei, mas acho que a primeira pessoa que apareceu depois disso foi meu pai. Eu ainda estava com dificuldade pra falar, e pra entender as coisas. Mas esse momento eu lembro direitinho... Bom, isso se o lance aconteceu como eu tenho guardado na memória, né. Tem muita coisa que eu lembro de um jeito, e quando comento com alguém que estava junto, me falam que foi diferente. Essas paradas que dão pra te sedar e você dormir, demoram a parar seu efeito. Depois que você acorda, fica tudo confuso por um tempo. E quando meu pai entrou, foi quando eu estava melhorzinho, conseguindo entender o mínimo. Mas logo cansava de falar, a voz parava.
                Então ele me explicou o que rolou. Foi a primeira vez que me explicaram, mesmo. Antes disso, a Paulete tinha apenas vomitado a informação. Mas me lembro que, da mesma forma que nas outras cirurgias, eu me senti mais bem do que mal ao perceber que sobrevivi de algo difícil. A primeira sensação que vem é de vitória. Até porque você ainda está meio anestesiado, física e psicologicamente. Então não sofre, e nem imagina o que vai sofrer. E sempre que falam isso, tirando a Paulete, falam de uma forma positiva. Claro, pra amenizar. Meu pai falou da forma mais positiva possível! Ajuda, sim. E eu sempre fiz assim, quando dava, me deixava acreditar muito fácil, também. É o jeito. Tem que tentar encarar sempre do melhor prisma possível, pra situação ficar menos difícil de lidar. Ou melhor, ver o lado bom das coisas, né? E nesse caso, o lance era pensar no fato de que o tumor tinha sido extraído.
                Não me lembro bem dos momentos logo depois disso. Assim, as horas, primeiros dias, logo depois que eu me vi sem intestino. É que eu estava bem doido ainda, eu acho. Aquelas coisas que rolam quando eu fico num nível de consciência meio alterado. Eu não conseguia dormir nem a pau! Via um monte de coisa. Se eu fechava o olho, vinha uma cor marrom, ficava tudo escuro. E essa parada marrom ia se afastando, e conforme se afastava eu via que era um gorila gigante, tipo King Kong. E eu estava me afastando dele. Então ele ficava cada vez menor. Mas se eu fechasse o olho, começava tudo de novo. No começo até achei legal, depois que passou o medo. Eu pensava "ah, já fiquei assim antes, eu lembrava, e dessa vez eu vou aproveitar!" Mas na sétima vez que eu comecei a me a incomodar. É, porque eu fechava o olho pra tentar dormir, e lá estava eu saindo do ombro do King Kong. Eu tomava um lance forte pra dormir. E com muito tempo sem dormir, você começa a sonhar acordado, eu acho. Ainda mais com uns remédios tarja preta e morfina. Dessa vez, eu me lembro de estar olhado pro Dudu, e ele está lá embaixo, na poltrona da UTI. Tipo, uns quatro andares pra baixo.
E o que mais me deixava maluco era que não parava a música da UTI. É, porque na minha cabeça, tinham acabado de reformar o hospital. Afinal, era um novo Sírio Libanês, ao lado do aeroporto de Guarulhos! Não sei se falei isso já, mas eu achava que o hospital era em Guarulhos. E ficava impressionado como o pessoal ia pra casa e voltava tão rápido! A Jack, que chegava falando que tinha ido de ônibus... Mas o doido é que eu não comentava isso com ninguém. Só pensava em quão estranho era isso, e boa! É, porque se eu falasse, alguém provavelmente falaria “não viaja, animal, o Sírio é perto de casa e não reformou nada!”
Mas, enfim... E nessa reforma tinham colocado aqueles adesivos de taxi, nas portas de vidro dos quartos da UTI. E esses adesivos eram capas de discos antigos de rock, e cartazes de filmes. Tinha Pulp Fiction, Dona Flor e seus dois maridos, Carandiru... E de música, eram os álbuns que tocavam o dia inteiro. Até o meio dia, tocava rock e música brasileira, e até meia noite, rock gringo. Raul, Cazuza, Beatles, Rolling Stones, Gilberto Gil, Alceu Valença, The Mamas and The Papas – que eu só fui ouvir um cd inteiro depois dessa internação. Tinha inclusive uma música que não existe, na verdade. Fui descobrir depois. Eu pedia pro Du procurar no Google, e falava até o nome dela pra ele. Chamava Pedro Brasileiro. Eu queria muito lembrar a letra. Era um lance como uma competição de músicos. De um lado era Fagner, Alceu, Zé Ramalho, Almir Sater, Elba e uns outros. Do outro era Gil, Caetano, Chico, Gal... e mais outros da tropicália, como Mutantes e Tom Zé. Não lembro direito. Era meio que um repente em grupo! Um grupo desafiando o outro. Mas sem o ritmo do repente. E lembro que a Gal era amiga dos dois grupos, e que no fim, sempre eles terminavam amigos! Do som gringo, a competição era menos original, entre Beatles e Rolling Stones. Tipo, os Beatles eram os bonzinhos e os Stones, os do mal. E tocava Black Sabbath, Led Zeppelin e AC/DC também! É meu, não tinha nada de samba ou chorinho no meu sonho. Era mais rock´n´roll, mesmo! rs.
E também, no começo achei legal. “Nossa, olha a sonzeira do Sírio! Vários adesivos legais! Olha esse Paulo Hoff, meu!” rs É, porque tocava um monte de músicas que eu gosto. Claro, era meu sonho! Doido isso! Se você for pensar, acho que era a forma que meu inconciente, muito gente boa, achou pra amenizar meu sofrimento. Pondo música boa pra eu ouvir e me distrair. Eu não gostava de por a mascara de Bipap, porque era muito barulhenta e eu não ouvia as músicas. Mas depois, comecei a ficar de saco cheio das músicas. Porque eram as mesmas todos os dias. Na mesma ordem. Eu sabia que horas eram no dia, mais ou menos, pelas músicas que estavam tocando. E isso me lembrou uma viagem que fizemos, pra Praia da Ferrugem, no sul. Eu, o João, o Luciano e o Pimenta. Há uns 10 anos. Ninguem tinha relógio, a gente sabia que horas eram na balada, pelas músicas. Acho que em dez dias de balada, tocou sempre a mesma sequência! Era a época que surgia aquela do “vô passa cerol na mão...” E tocava também uma outra muito ruim, do “papo de jacaré”, que era até engraçada, de tão ruim! Mas tocavam músicas boas também... Enfim, lembrei disso durante essa “viagem” no Sírio.
E essas músicas não me deixavam dormir, né. Me lembro que eu pensava “ih, já tá tocando Barão, daqui a pouco as enfermeiras entram pra tirar os sinais vitais, e eu não consegui dormir nada, saco!” E eu fiquei muitos dias sem dormir. Ou “Opa, tá tocando Beach Boys, é hora das visitas!” Sério meu, e isso rolou por vários dias. Tocava Raimundos também. Sabe aquela do banquinho da bicicleta? rs Ah, eu achava que estava sempre mudando de quarto. E gostava, pois aí via os adesivos dos outros quartos e tal.. Eu achava muito curioso isso. Ficava pensando "que legal, o Sírio se tornando um lugar mais agradável, distraindo os pacientes... Deu certo!" rs 
Então é isso, depois eu continuo! Valeu aí, e um beijo e um abraço pra todo mundo!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

EPOPÉIA 20

Faaaala!
Então, eu vou continuar a contar a epopéia. Eu coloquei no último post, a “versão” da Stella sobre o momento que eu estava falando. Não podia deixar de publicar, né! Mas vou continuar do ponto que eu tinha parado, pra manter minha sequência. Assim fica mais fácil pra eu me organizar, sei lá! Então beleza...
Ao se confrontarem com essa opção, de tirarem tudo o que o tumor tinha atingido, eles acharam por bem me acordar. Afinal, pra uma decisão como essa, eu teria que participar, pensaram. Eu entendo. Minha família achou que seria mais fácil, que teria como me trazer de volta a consciência. Mas não rolou. Ao tentar fazer isso, eu demorava muito, e não tinha forças. E rolava aquilo que a Stella descreveu. Eu não tinha condições. Essa volta de sedação/meio coma induzido, é bem sofrida. Tem abstinência dessas drogas que te capotam. Mas, ao mesmo tempo, eu não tinha condições de enfrentar a cirurgia. Acabou que eles desistiram da idéia de me trazer de volta, pra essa “consulta”. E também, o que eu tinha pra decidir? Era tirar o intestino ou deixar o tumor lá e eu empacotar! E mesmo que, em um momento de desespero/saco cheio/depressão, eu falasse que não queria fazer a cirurgia, que preferia a outra “opção”, alguém aceitaria? Claro que não! E logo depois, eu tive uma leve melhora no meu estado clínico, mas bem de leve mesmo, e eles resolveram arriscar a cirurgia. Eu imagino que, mesmo sabendo da situação, devem ter rezado muito pra não precisar tirar o intestino inteiro. Mas não deu. Acabou que, além do intestino, foi extraído um pedaço do pâncreas e metade do estômago.
Passado algum tempo da cirurgia, não sei ao certo quanto, eu comecei a retomar a consciência. Mas não fazia idéia do que tinha rolado. Na verdade, eu não sabia nem que tinha ido pra cirurgia. Eu estava tendo minhas viagens, em outro nível de consciência. E dessa vez, o que rolou na minha cabeça não foi tão absurdo, como da outra vez, em que eu viajei pelo Brasil inteiro! Foi mais ou menos assim o que eu vivi no meu sonho: A Stella estava vindo para o Brasil nos visitar. E a gente ia fazer uma brincadeira com ela. Quando ela chegasse, eu ia fingir que estava internado no Sírio. Antes, o Daniel ficou uma semana internado, também por brincadeira. Não me lembro qual era a graça da nossa idéia. Mas no sonho fazia sentido e era maior legal! O plano era eu ficar dois dias internado. O Sírio, no sonho, era do lado do aeroporto de Guarulhos. Então, a Stella chegaria e eu estaria lá! E, repito, não lembro qual era a sacada. Só sei que deu tudo errado! Quando a Stella chegou, o combinado com o Sírio era eu ser liberado logo depois. Mas aí não conseguíamos a alta. Sempre iam atrasando, falando que o enfermeiro responsável não estava naquele turno... O médico estava vindo... Iam enrolando a gente. E o clima ia pesando. No começo, só o Daniel e o Dudu entravam no quarto pra falar comigo. E eu via, através das portas translúcidas do quarto (só no sonho era assim!), minha família brigando. Meu pai estava puto e falava: “eu voltei a fumar por causa disso, seus irresponsáveis!” E chamavam vários médicos diferentes, xingavam, e nada. “Ele já ficou muito tempo internado, vocês não sabem o que esse menino já passou!” eram umas das frases em meio a discussão! Lembro que aí foram buscar a Jack pra ajudar a convencer a me liberarem. A idéia era mostrar o sofrimento da minha namorada, sei lá. Não adiantou. Depois veio a Stella. E ela estava puta da vida, pois acho que já tinha voltado pra Glasgow, e teve que voltar por causa disso! Depois apareceram os pais da Jack pra brigar. Depois os pais da Andrea, minha cunhada! Foi uma barbárie! E eu ficava ouvindo as discussões.
Mas era, sei lá, engraçado, que ficava todo mundo, minha família, me enrolando, dizendo que não tinha ninguém lá fora, que estava tudo bem. E eu fingia que acreditava! Mas o lance é que eu fui ficando ruim, já que não me liberavam, e eu estava deitado o tempo inteiro, sem comer e tal. Aí o bicho pegava do lado de fora do quarto. E minha mãe ficava toda se sentindo culpada. Ela não se conformava de ter me deixado fazer essa bricadeira. Antes, a gente ficou pensando que eu iria ficar internado na brincadeira e, a princípio, não era pra eu ficar de jeito nenhum. Mas no fim foi indo, foi indo, e acabou fondo! rs Meu, eu estou tentando lembrar, porque fazia sentido, era legal nossa idéia. Mas não tenho noção do porque!
Como eu fiquei ruim, resolveram me manter internado. Eu fiquei puto, pois estava a alguns dias pedindo pra assinarem a alta, pra pararem com a brincadeira! E tinha um lance estranho. Eu não conseguia engolir saliva! Mas no sonho não tinha nada na minha boca. Claro que, fui descobrir depois, nessa etapa do sonho, eu estava com aqueles tubos gigantes na garganta e tal, por causa do pulmão. Mas o que eu vivi foi que eu não engolia a saliva, não conseguia, e ia acumulando na minha boca. Meus irmãos entravam e falavam “Vai Rê, é só se concentrar, vai!” Mas não rolava! Lembro que a Stella entrou e disse “Ah, vai, pára com isso, não tem nada aí pra você engolir, isso é coisa da sua cabeça!” Eu ficava bravo com a Stella, e tentava brigar, mas só saía resmungue! Eu não conseguia pronunciar uma palavra de forma compreensível. E na hora que eu conseguiria engolir a saliva, no sonho, eu não o fazia, só de birra! rs Não queria que ela achasse que era frescura minha, e que eu tinha parado de fazer manha porque ela tinha me dado bronca! O lance de saliva foi virando o enigma do momento. “Porque ele não consegue?!” E tome exames! O tempo ia passando e eu não saía do quarto. Uma hora, virei pro Daniel e falei, puto “porra, estamos aqui a mais de três dias, e não me liberam!” E o Daniel “Não Rê, não é tanto assim, são – sei lá – vinte horas, apenas” Eu não acreditei e ele me mostrou o relógio da tv. Aí fiquei quieto!
E teve, também, uma treta com os médicos e enfermeiros. Eles – na minha cabeça – estavam reutilizando uns materiais. Era um lance que todos no hospital faziam, todos sabiam e não pegava nada, mas que acabou sendo descoberto. Então, um enfermeiro intimava o outro, pagando de honesto, mas eram todos do mal! Tinha algum esquema de cadastro de sistema, que “denunciava” de quem foi a falha, quem tinha reutilizado a agulha. E a partir do momento que alguém da minha família acusou, começou uma caça às bruxas. Chamaram a chefe das enfermeiras no meu quarto, confrontaram ela com os médicos. Deram um baita esporro e ela começou a ser minha enfermeira diretamente. Quando eu apertava o botão pra chamar uma enfermeira, elas fugiam. Ficavam com medo. Falavam pra mim “ai, sempre fiz tudo com tanta atenção, agora me questionam!” E quando entravam no quarto, diziam “ah, você é o Renato Consoni, aquele paciente encrenqueiro?!” Aí, o que aconteceu foi que todas as enfermeiras fizeram um treinamento intensivo, e boa parte das antigas foi mandada embora. E eu virei o paciente mais famoso e complicado do hospital. Mas lembro que, na minha primeira internação, ainda no São Luiz, em 2008, eu também fiquei famoso. rs Eu era chamado de “o louquinho da UTI!”. Mas não lembro se era viagem minha, ou se me chamavam assim, mesmo! No caso que estou contando agora, era parte da minha viagem. Eu acho!
E paralelamente, tem as coisas que aconteciam de fato, enquanto eu estava inconsciente, a babar, mas que eu só fiquei sabendo depois, quando me contaram. A mais barbárie foi a história da enfermeira do batom vermelho. Meu, acho que essa foi a pior desses três anos! Eu passei uns dias sedado, entre o momento em que a infecção virou sepsemia e a hora da cirurgia. Fiquei meio indo no banho-maria, sem ter qualquer reação a qualquer coisa. E eles falam que tinha uma enfermeira muito estranha, loira - amarelo feio -, que andava com o batom no uniforme. Ela retocava o batom a cada cinco minutos. E usava um perfume muito forte. Claro que quase não chamava a atenção! Aí, em uma das noites, ela ficou responsável por mim, na UTI. Não dormia ninguém comigo nesses dias em que eu estava “longe”. Na manhã seguinte, o Dudu e a Jack foram os primeiros a me ver. Falaram que, ao chegar, eu estava sozinho, e com marcas de batom no corpo inteiro! Sério! Na bochecha, no pescoço, na barriga... Juro! De verdade! Meu, muito barbarie! Eu lá, podrão, todo inchado de cortisona, com tubo na boca e onde mais você possa imaginar - não, lá não! E a mulher na barbárie! Sei lá, mas meio sinistro, vai! A mulher tem tara por pessoas em estado quase fim de carreira!  E ela era toda cuidadosa, amiga da minha família inteira, da Jack também! Ah, antes que alguém pense... Não, não era nada que pudesse chegar perto de ser chamada de bonita. Em nenhuma hipótese, nem com muito amor no coração. E o pior é que, depois, em uma das minhas internações de 2010, me mostraram quem era a louca! 

Mas enfim, era isso que estava rolando, na minha cabeça e fora dela, nos momentos que antecederam a cirurgia. Até que – no meu sonho - entraram no quarto me falando que o lance de eu não conseguir engolir saliva era um problema grave, e talvez fosse necessária uma cirurgia. Então, como eu estava dizendo antes de contar os sonhos, eu acordei da cirurgia sem ter a menor noção do que tinha rolado, de fato. Estava achando que tinha ido fazer um procedimento simples, pra corrigir um refluxo, ou algo do tipo.
Então é isso! Depois eu continuo! Espero que não tenha ficado muito confuso! É que foi isso que rolou, uma grande confusão, mesmo! E é difícil colocar isso de uma forma mais compreensível, mais linear, sei lá... E olha que eu revisei umas cinco vezes esse texto pra deixar ele melhorzinho ...
Beijo e abraço pra todo mundo!

domingo, 25 de setembro de 2011

EPOPÉIA 19

Opa!
                É o seguinte: quando a Stella leu o ultimo post do blog, ela me mandou UMa mensagem. Eu gostei muito dela ter falado/escrito isso, então vou publicar aqui. Acho legal essa visão dela e das pessoas que viveram isso junto comigo, bem de perto. Porque muito do que eu conto das horas em que eu estava “longe”, foram essas pessoas que me lembraram, ou contaram o que eu nem sabia pra lembrar.. Enfim, vou reproduzir abaixo essa mensagem da Tetuditchous, que na época era filha e irmã. Agora é filha, irmã e mãe! Heheh. É que eu estava viajando nisso, esses dias... Assim, você nasce e é filho, no máximo irmão. Depois vai acumulando funções, né, vira mãe/pai, depois avó/avô... E vai indo, até onde você aguentar! heheh
“Li seu blog. Essa parte da epopéia foi foda. Dá até arrepio de lembrar. O Fabio mostrando pra genteo raio-x do seu corpo e mostrando o que o tumor tinha tomado. E falava da única solução, que era tirar o intestino. E você apagado.
                E lembro da gente no escritório do Paulo Hoff, ele dando três alternativas: não fazer nada; tirar o tumor, o intestino e o que o tumor tomou, imediatamente; ou te acordar, e esperar todo aquele processo da droga sair do seu corpo, pra você ganhar consciência e a gente te perguntar o que você preferiria fazer: nada ou tirar o tumor e tudo o que viria junto.
                A gente saiu da sala e discutiu, tentando adivinhar o que você preferiria. E você lá, apagado, vomintando verde, bem mal. A gente decidiu que não faria sentido te fazer acordar e ganhar consciência, porque isso demoraria pelo menos uma semana. E você não agüentaria, você estava muito mal.
                Nesse dia, ou no dia seguinte, eu consegui dormir com você no quarto. Foi difícil, mas eu ganhei da mãe. Voê passou muito mal, dava medo. Eu ficava lá em pé, ao seu lado, segurando sua mão e chorando. Enxugando  seu suor. Você suava bastante.
                Você parecia estar piorando. Até que o Fabio apareceu, de madrugada, e me viu lá, chorando e enxugando o seu suor, e você vomitando verde. E eu disse: ‘opera ele, logo’. Ele respondeu: ‘é a decidão da família?’. A gente tinha meio que decidido operar logo, eu lembro agora. Mas ainda na dúvida se devia ou não te acordar. Minha opinião era de não fazer você acordar. Eu tinha certeza de que você escolheria a mesma opção. Eu respondi a ele que sim, era a decisão da família. Na manhã seguinte bem cedo, ou depois de algumas horas, teve uma reunião com o Fabio, o Paulo e time deles. No mesmo dia, eu acho, a noite, se não me engano, rolou a cirurgia.
                Eu já tinha adiado minha passagem de volta. Falei com meu chefe pra tirar mais uns dias. Mas o dia que eu marquei a volta coincidiu com o dia da cirurgia. Foi foda, você estava sendo operado e eu no avião. Foi foda. Eu me arrependi muito de não ter adiado mais uma vez a passagem. Quase fiz uma cena de filme, quando estava todo mundo a bordo, o avião prestes a decolar, eu quase falei que queria desembarcar! Foi foda!”
                É isso aí! Minha irmãzinha contando o que eu tinha contado, através de um outro ângulo muito importante. Depois eu continuo a Epopéia.
                Ah, e agora vou colocar mais umas fotinhos do meu sobrinho Cauê!

Vovô conhecendo o neto... Olha a cara dele!

Stella com cara de Stella! Ainda na maternidade.

Quando soube que o Coringão perdeu a liderança, gritou, xingou todo mundo... Ficou puto!