domingo, 9 de janeiro de 2011

PRIMEIRO DE 2011!

Ooooopa!

                Depois do último de 2010, agora tem que ter o primeiro de 2011, né! Depois de dar umas férias pra vocês, o blog está de volta! heheh
                Esses primeiros dias do ano estão meio atrapalhados. Poderia dizer que com cara de 2010, ainda. Não estou tendo uma relação muito amistosa com a comida. Não estamos nos entendendo muito bem. Parecemos estranhos um ao outro. Não nos lembramos que nos conhecemos de outros carnavais! Heheh
                Desde que tirei o tubo de alimentação enteral, estou com a alimentação exclusivamente pela boca. É, igual você! Foi um alívio, muito bom ter tirado. Uma conquista, mesmo. O último dos tubos. Com os dias, porém, eu comecei a me sentir meio ansioso. Passei a sentir um peso, por agora ser responsável por toda a minha alimentação. E isso começou a me atrapalhar. E fiz vários exames, inclusive a colonoscopia, que não acusaram nada. Do ponto de vista físico e clínico, está tudo perfeito! É, mas na cabeça o bicho pega. E pra cabeça não rola cirurgia. Transplante não seria o caso, já que pra achar um cérebro tão desenvolvido quanto o meu, é praticamente impossível, né! heheheh
Esse lance de comer tá sendo uma aventura difícil de lidar. Eu não sei o que acontece, mas as coisas se inverteram desde que eu voltei a poder comer. Antes, eu tinha vontade de tudo, estava ansioso pra poder comer e tal. Sofria vendo qualquer tipo, qualquer mesmo, tipo de comida, sem poder. Agora que eu posso, tem várias vezes que eu não consigo comer direito, como pouco e já sinto enjôo. Se insisto, a comida volta. É foda, eu, ao invés de simplesmente comemorar q posso comer e mandar ver, tenho sentido o peso da responsa de me alimentar. Eu ferrei tudo aqui dentro. Não consigo pensar no prazer da comida, penso que agora  é só comigo, ou eu como ou eu estou ferrado. É, porque por um ano eu fiquei me nutrindo por uma bomba de infusão no meu peito! Aliás, agora consigo ver com mais distanciamento essa situação e vejo que barbarie que era isso... ainda bem que eu não tinha essa noção antes, senão ia dar merda... ou seja, ainda bem que sou um pouco sem noção! Heheh
Mas tem outro lance que atrapalha a alimentação. Quando eu saí do hospital, eu estava tomando morfina na veia. E, como medicamento endovenoso é proibido em residências, ele me deram uma garrafa de morfina. Acho que tinha uns 400ml de morphine sulfate, como é chamada. Eu tomava uma dose toda manhã... junto com o pingado e o pão na chapa heheh. Assim, além de não sentir dores, eu me sentia mais bem disposto. E essa parada acabou na segunda-feira dia 27/12. E como eu tomei por muito tempo, deve ter dado aí quase uns 3 meses, não é muito simples parar de tomar. Muita gente vicia e tal. Nos dias seguintes, foi um baque. Eu não imaginava que minha energia estava tão ligada à morfina. Nossa, foi complicado. Eu me senti bem fraco, sem vontade de fazer nada, só dormir (o que, aliás, com esse frio, é a parte mais compreensível, vai!). E rola muito enjôo também, meio que uma crise de abstinência química, mesmo.
Enfim, e depois que tirei o tubo da enteral, num tem pra onde correr, só tem a minha boca pra eu me nutrir. E olha que eu que fiquei no pé dos médicos, enchendo o saco pra tirarem esse tubo. Ele me doía a barriga, além de sangrar e sair muita secreção das "bordas"... tinha que trocar o curativo em volta umas 2 vezes ou 3 por dia, sujava a camiseta, era uma bosta.
Ah, é um saco, é o que eu tenho me preocupado mais. Mas vendo os pacientes de transplante no hospital nos dias de consulta, e lendo casos na internet, vejo que, na verdade, é até bom que esse seja o meu problema hoje. A galera tem problemas bem piores. Ah, descobri mais um desses dados que eu acabo achando legal, até: Hoje, no mundo todo, só uma a cada 3 milhões de pessoas são candidatas, precisam de transplante multivisceral! Já falei e repito: Por isso que eu nasci canhoto! Qual a graça de ser igual a todo mundo! É, se bem que acho que eu fui meio longe demais nessa idéia de ser excessão, né! heheh
Mas, voltando ao lance da comida. Odeio isso, vai chegando a hora de comer e eu não sinto fome. Até aí tudo bem, comer sem fome não é nada de mais. Mas eu vou ficando tenso, me dá uns frios na barriga. Muitos frios, na verdade, quase emendados um ao outro! Aí pronto, sento à mesa com aquela coisa na cabeça. Tipo, fudeu, estou sem fome e preciso comer. Enfim, aí me fodo, com esse cenário todo na cabeça, meu estomago fecha. Mas estou me empenhando em me entender. Na verdade em fazer minha cabeça entender todo esse rolo que aconteceu nesses últimos 3 anos né. Pena que a gente não é assim: Se não pode, não come. Pode, come!
                Então, na quinta-feira fui fazer aqueles exames de sangue e sinais vitais. Porque a gente estava preocupado, já que eu estava meio ruim nos últimos dias. Estava fraco e continuava sem conseguir comer. E eu fui na expectativa de, também, já marcar a cirurgia de retirada da borseta, né. E como, no dia da colonoscopia (segunda-feira), minha família toda fez uma reunião com o Rodrigo, e eu não pude participar porque estava capotado ainda da anestesia, dessa vez eu quis conversar sozinho com ele. Nesses dias de exame, normalmente vai qualquer médico, do time dos que fazem transplante, falar com você. Praticamente um lance protocolar. Ver se está tudo bem e tchau. Mas dessa vez eu cheguei e a coordenadora que o Rodrigo queria falar comigo, pra eu esperá-lo. Legal, pois eu queria falar com ele também. Ele chegou e conversamos bastante. Ele me deu uns toques, pra eu tomar uns suplementos, enquanto eu não voltar a comer bem. Se mostrou meio preocupado. Inclusive, quando eu perguntei se já poderíamos marcar pra tirar a borseta, ele disse que, magro assim, não rola. Eu preciso engordar de dois a três quilos. Isso porque a cirurgia dura uma meia hora só, mas fica um lance grande do intestino pra cicatrizar. E isso gasta mais energia, o que faria eu emagrecer mais e tal. É, um saco, mas beleza. Estou fazendo um intensivão aqui com esses suplementos e tentando comer melhor, pra semana que vem, quando voltar lá, já estar com o peso suficiente pro lance.
                Mas a parte boa disso é que, dos problemas que podem rolar pós transplante, esse é o mais sussa, eu acho. Só por depender só de mim já é bom sinal, na verdade. Porque se precisa dos médicos, o lance é pior, é sinal de que precisa de mais atenção, né. Então ainda estou no lucro, acho! Heheh
                E ontem o Dú foi embora. Não foi legal, não queríamos que ele fosse. Claro que minha mãe chorou, com direito a biquinho e nariz vermelho! Eu fiquei meio assim porque queria ter curtido mais o tempo com ele, aqui. Queria ter dado mais roles a noite e tal. Mas quando eu passei a comer menos, fiquei meio devagar, e a gente ficou mais em casa. No começo saíamos bastante.
                Ah, e hoje. A gente foi no mercado. Aí eu fiquei cansado e fui esperar eles terminarem as compras em um banco do lado do caixa. Sempre faço isso. Aí vem um tiozinho, com cara de bedel de escola (era o bedel do supermercado), junto com um policial, todo equipado e tal. Eles param na minha frente, eu sentado, e o bedel: O senhor não pode ficar sentado aqui, tem que sair da loja! E eu: Mas eu estou só esperando meus pais. E o cara: Então você vai ter que esperar lá fora! Sendo que estava 11 graus negativos com neve e um puta vento! Na hora fiquei sem reação. Mas muita raiva. O policial ficava com a mão na cintura e me encarando. Tudo bem que eu não corto o cabelo nem a barba desde que cheguei aqui. Mas eu faço o bigode e tal, arrumo as costela e o cavanhas, no capricho! Sacanagem! Heheh E agora não me sai da cabeça de que eu tinha que ter perguntado, na hora, pra que servia aquele banco (desses de praça), senão para sentar e esperar alguma coisa, ué! Esses americanos são tudo doido com esse lance de terrorismo. Eu vou procurar me informar, mas é estranho a lei estar do lado de uma atitude dessa. Sério, o cara poder chegar com um policial te intimando a sair da loja, sem nem perguntar o que você está fazendo lá. Estranho isso! Ainda mais que eles são todos preocupados com os direitos dos consumidores e tal. Isso é discriminação. É aquele lance de a lei permitir que se julgue se a pessoa é suspeita ou não. Isso é muito subjetivo, dá margem pro bedel sem naipe fazer o que quiser! Mas pelo menos ele não conseguiu me pôr pra fora. Eu me levantei e fui em direção às gôndolas, entrei no mercado. Achei que ele viria atrás pra me impedir e tal. Mas não. Fui procurar os meus pais. Na hora de ir embora, ele estava no caminho, aí passei com o carrinho de compras, e pensei “pô, tenho que falar alguma coisa pro cara...”. Mas não veio nada mais inteligente, e como eu queria que ele me visse saindo com as compras (ele fingia que não me via vindo), eu só falei “See you, man!”. Heheh Maior nada a ver, né! Devia ter feito bunda lele, sei lá, qualquer coisa! Heheh.
                Amanhã vou fazer exame de sangue no hospital. E quinta-feira eu volto lá pra ver se engordei e já posso marcar a cirurgia. Ele falou que marca pra uns 2 dias depois, é rápido. Tomara, não vejo a hora de tirar essa porra da minha barriga! É, desculpa, eu não tenho muito carinho com a borseta, mesmo heheh. E é isso aí. Agora eu vou me recolher!
              E um beijo pra todo mundo!

6 comentários:

  1. Faaalaaa Sumido! Já estávamos com saudades!

    Bom, sobre o lance do tiozinho do supermercado, minha primeira reação foi de revolta. Porém, tentando me colocar no lugar dele e imaginando como você deve estar bonito (uma mistura de “Volverine” com “Harlen Globetrotter” - kkkk), até que temos que relevar essa grosseria.

    Como é louco esse lance da cabeça, né? Além da morfina, pode ser que você tenha desenvolvido um tipo de dependência psicológica das “enteral e parenteral”. Afinal, foi um “relacionamento” que durou um longo período, de fato, não é fácil esquecer. Além disso, vocês eram muito grudados. (PQP, essa foi péssima e até de gosto duvidoso. “Só não apaguei pois gostaria de tentar lhe passar um pouco de bom humor”).

    Tudo que você já passou e o seu comportamento diante desses obstáculos, nos dá plena certeza que brevemente essa situação também fará parte do passado e será “apenas” mais um capítulo da Epopéia. Be cool!

    Bjão pra todo mundo aí (até pro Bedel do Supermercado).

    Pe

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  2. Rê,
    Que o ano de 2011 seja um ano mais leve que os ultimos anteriores, mais que a sua força continue a mesma.
    Ai vão algumas dicas para abrir seu apetite e disto eu entendo bem, estou +- uns 30 kilos acima do limite permitido por lei.

    Sopa de chapeuzinho da Tia Ana
    Picanha do Sergio Reis
    Brigadeirão
    Arroz com Suam da minha mãe
    Aquela fritada de camarão que seu pai fazia no Guarujá, etc..

    Mandei bem né?

    Só para te consolar com as injustiças da vida, um dia fui barrada em um barzinho em Ipua, pois estava de sandália tipo chinelo e o cara da porta não me deixou entrar, é mole!

    muitos beijos
    Anê e Isaacs

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  3. Rê, com esse monte de notícias boas, a gente fica mais ansioso pra você ficar 100% logo; mas, vamos lembrar de todos esses três anos e desse último em especial: um dia após o outro.

    Você já tá muito perto da sua vida tranqüila, com saúde, amor, alegria, sucesso! Eu sinto que você só precisa ter um poquinho mais de paciência consigo mesmo, carinho com seu corpo e sua mente, porque eles foram "curíntia" esse tempo todo. Muita gente teria sucumbido, enlouquecido, mas você, não. Ficou firme - corpo e cabeça - agüentando o tranco.

    Agora, você merece toda atenção (como sempre) pra se recuperar, de vez. Logo a fome volta, a calma também. Torcida não vai faltar.

    E, esse lance do mercado, nem liga. A galera aí deve tá meio neurótica mesmo e você tem uns traços meio "oriente médio", né? Deve ser isso... É bom pra pensar que logo você tá de volta no Brasil, cheio de gente de tudo quanto é tipo e, cheio de muita gente te esperando com saudade e com muito amor pra te dar.

    Ufa! Escrevi demais.
    Um beijo e um "esmaga" bem apertado pra esquentar nessa friaca, aí.
    Jack.

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  4. Renas,
    Dessa vez a Anê exagerou...Só o chichbárak(chapeuzinho) da tia Ana já dava pra abrir qualquer apetite. Quando ela fizer, quero estar à mesa,olhando você comer e morrendo de vontade. Isso porque, depois dos 30(já fiz trinta, cê sabe, né?), dei pra ter alergia a leite e derivados. E mais: de sobremesa, faço o rocambole de goiabada (receita da vó Chafia), que o Pedro chamava de 'rocambole marreta', justamente porque em vez de leite só ia água.

    Por essas e pela enorme saudade, volta logo, Rê.
    Beijo carinhoso. E vai, Timão!
    Tia Rosa...

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  5. Olááááá meus amorecos!!!
    É nóis na fita traveiz!!!
    Queria ter escrito antes,mas tive que 'destrinchar' algumas malas com alça...!!!rss

    Primeiramente,quero desejar a vcs um ano novo realmente novo,perfeito,com mta saude...e como dizia aquele lá que não lembro o nome:
    "Saude é o que interessa
    O resto não tem pressa"!!!!!
    Segundamente,como vc sabe,Renas,a cabeça comanda todo o corpo(não é a toa que ela tá em cima,né?),então,devagar com o andor,e peça ajuda se vc sentir necessidade.Não se intimide,garoto!!!
    Espero que dê tudo certo e que vc marque logo a retirada da 'borseta'!!rss

    Mas,mudando de assunto,passamos por muitos "Taco Bell" nesta viagem,e cada um deles me lembrava vc!!!
    É isso aí,querido,tamo tudo junto e misturado!!!

    Muitos bjs pra vcs todos!!!
    Fiquem com Deus!!!
    Kamila

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  6. E aí Renas, td bem?

    já tô com saudade de um comentário seu!
    Tenho certeza que a turma toda tá esperando tb!

    Se estiver sem novidades continua a história dos sonhos lá na UTI...

    Ah, Jack, j'a que o Renas ainda nao falou, explica o que significa esse tal de "esmaga".

    Kamila, obrigado por me fazer lembrar do grande filosofo Paulo Cintura!!! iiiiissssaaaaa!!! hehehe

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