sábado, 27 de novembro de 2010

Ooooopa!
                Então, hoje decidimos sair de casa um pouco. Desde que eu saí do hospital, não saí de casa... a não ser pra voltar ao hospital! heheh. É que esse frio não é muito convidativo... Bom, com o lance do shuttle, que não nos deixa com tantas opções de lugares pra ir, acabamos no shopping, mais uma vez. Estava lotado! Fomos na praça de alimentação e foi difícil achar mesa. Mas logo achamos uma e fui pegar minha comida no Taco Bell! Ah meu, agora abriu a porteira... estou tirando o atraso aqui! heheheh
                E está muito frio aqui (acabei de ver na TV que está - 4 graus!). Eu sei que já falei isso, mas é que, dessa vez, a gente ficou esperando a van por uns vinte minutos na calçada e eu quase congelei! Estava com tudo quanto é roupa quente que eu tenho, mas não adiantou! E pensar que ainda vai esfriar muito... eles dizem que o frio está só começando! Ah, e tinha um cara na calçada pedindo dinheiro com uma plaquinha em que se lia “Pra que mentir. É pra cerveja mesmo!” heheheh. E devia estar se dando bem, já que não tirava o sorriso do rosto. Tentei tirar uma foto, mas ficou embassado. E meu, tem uma galera que paga pra dar volta de charrete pelo centro. Sério! Enquanto a gente esperava a van, ficava vendo essas charretes. E se fossem fechadas, mas nada, são abertas mesmo.... vento de tudo quanto é lado! E são várias charrete, todas cheias, na maioria famílias! Na boa, que programinha, vai!
                Quando eu saí do hospital, da internação da cirurgia, eles deram vários papéis, um monte mesmo, falando de tudo, de como eu tenho que agir pra cada coisa que aconteça, detalhes sobre os remédios... enfim, tanta coisa que dá até preguiça de pegar pra ler. E a maioria das informações os médicos e enfermeiras já nos passaram. Tem até um, ou dois, vídeos que a gente é obrigado a assistir antes de sair do hospital, com as mesmas informações! Mas um dos textos me chamou a atenção. Fala sobre entrar em contato com a família do doador. Isso é um lance complicado de se pensar. Lá eles oferecem a possibilidade de conhecer essa família... há um departamento que faz o “meio de campo” entre as famílias do doador e do receptor. Mas, pelo menos por enquanto, não quero conhecer ninguém. Sei lá, tem várias coisas. Tipo, qual seria a reação dessa família? Vai que a mãe do doador encana comigo, se acha mais perto do filho ao meu lado e começa a viajar nesse sentido, me passando uma responsabilidade de amenizar a dor da perda dela. Claro, cada um com a sua loucura, mas quem disse que eu conseguiria me distanciar do problema dela, simplesmente pensando “eu não tenho culpa de nada!”.
                Eu me conheço, eu ia acabar me achando responsável por algo que não deveria. Deve ser meio pesado um encontro com a família do doador. Imagina, o moleque tinha 17 anos! Imagina o estado da família que perde um filho dessa idade. Eu acho que ia rolar um puta confusão emocional aqui dentro se eu conhecesse essas pessoas. Até porque as coisas não estão muito bem nesse sentido, já estou meio, sei lá, sensível demais, eu acho. Bom, resumindo, já que estou sendo bem confuso sobre esse assunto ne, é que eu tenho muito medo do que pode acontecer caso encontre a família do doador! Não tenho idéia... posso me sentir mal por ter esperado por aqueles órgãos, por ter ficado feliz quando recebi a notícia de que havia “aparecido um doador”! Se você for pensar bem... como assim “apareceu um doador”? Morreu um moleque, tem muita coisa envolvida né, muita dor... e eu comemorando! Por isso que eu prefiro nem pensar nisso. É difícil você simplesmente ser racional e pensar o óbvio, que eu não tenho nada a ver com a morte do cara, mas a cabeça não vai só até onde a gente quer... na verdade ela enche o saco, às vezes, né! heheheh
                Bom, eu já tenho como viajar em pensamentos ruins sem conhecer essa família. Imagina se eu conhecesse! Eu ia ficar doido! Melhor ficar quieto, na minha. Já tenho muita coisa pra pensar! Quando voltar ao Brasil vou precisar retomar minha vida, que está, de certa forma, estacionada, há três anos né... enfim, tem muita coisa mesmo pra eu pensar e começar a resolver, não preciso arrumar mais coisa pra cabeça, pelo menos não agora!
                Um lance que eu tenho notado é como meu humor muda durante o dia. É impressionante! Eu sempre acordo meio de bode, sem ânimo pra nada, meio enjoado... é difícil sair da cama. Mas conforme o dia vai passando eu vou melhorando, até que à noite eu estou bem, animado e tal. Por isso, inclusive, que é sempre à noite que eu escrevo no blog. O ruim é que eu perco uma parte grande do dia, até eu começar a me sentir bem e funcionar. Aliás, tem um casal de amigos aqui, a Alessandra e o Renato... eles moram aqui em Indianapolis. São amigos do Marcel, filho do Álvaro, meu tio, marido da Tia Flavinha. Eles são muito gente fina, já nos visitaram quando eu estava no hospital e tal. A Alessandra e minha mãe se falam sempre, já estão bem amigas. E eles sempre nos convidam pra almoçar lá, ou oferecem carona pros lugares. Seria muito legal, mas eu estou sempre nessas, às vezes bem, outras vezes mal... Então é complicado por enquanto, marcar algum programa com outras pessoas, porque eu nunca sei como vou estar me sentindo, principalmente no começo do dia.
Mas, de qualquer forma, estou me sentindo melhor a cada dia. É bem suave a diferença, essa melhora de um dia pro outro, mas eu sinto. E isso é muito importante, pra eu me sentir estimulado a continuar nesse processo chato que é me recuperar. Inclusive, às vezes... ou muitas vezes, acho que essa melhora é só na minha cabeça, na verdade. É como se eu "inventasse" algum aspecto em que eu esteja melhor, só pra me convencer e me animar em relação a recuperação. Sério, e isso é importante, pra caramba! Então, se for pensar, nem sempre enganar é algo negativo né... eu tenho me enganado muito esses últimos dias, viu! heheheh
                É isso aí! Um beijo pra todo mundo e valeu!

12 comentários:

  1. Oi, Renato.
    Tô acompanhando sua arrancada genial: fico muito feliz em saber que vc está cada dia melhor, e o bom humor segue sem nenhum arranhão.
    Vc sabe puxar todo mundo pra cima; é, de fato, ser iluminado!
    Beijão pra vc e pra Sílvia.
    Maria Lúcia

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  2. Rê,

    Vc tem razão.. são muitas implicações, é preciso estar bem centrado para procurar a família do doador. Tanto que no hospital de transplante que eu trabalhava era proibido o contato com a família do doador.

    Tudo tem seu tempo e se for para você conhecer a família do doador, vc não terá dúvidas na hora.

    Imagino que a vivência da recuperação deve ser um renascimento e renascer não me parece ser muito prazeroso não..rs

    Acredito que quanto mais sincero você conseguir ser com seus sentimentos, o sentido da jornada vai valer mais a pena.

    Bjs,

    Míriam.

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  3. Fala Renas!

    Tem muita gente que paga caro para passar o inverno (natal/reveillon) aí nos USA. Frio todos sentem, o segredo é fazer uma cara de contente. Portanto, sorria e aproveite!

    Sobre esse lance de encontrar a família do doador, é uma coisa bastante complexa, que deve ter seus prós e contras. Acho que você deve “seguir seu coração” e, se um dia julgar necessário, converse com um profissional especializado nesse tipo de aconselhamento.

    Cara, se você acha que seu humor oscila durante o dia, espere até casar, você verá o que oscilação de humor. Digo isso, pois já li muito a respeito, eu sou exceção a essa regra... Rsrsrsrs (Daqui a pouco a Kátia vai ler o Blog, não posso ariscar).

    Quando der, poste fotos. (Sei que já falei isso, mas é sempre bom ver a cara de vocês).

    Beijo grande pra você e pra Tia,

    Pe

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  4. Rene!!!!!!
    que bom saber que vc continua melhorando!!!!!!!! e que ta comendo cada vez mais coisas.. desculpa ter dado uma sumida, depois te conto mejor!!!! to com muita saudadeeee!!!!! aqui tb ta esfriando!!! aiii o inverno.. logo mais vc vai acostumar!!! é dificil e parece que nao, mas logo mais 7 graus vai ser praticamente verão hehehe...
    continue com toda essa força querido!!!!!!!!!
    beijo enorme!
    maria clara

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  5. Renas,

    fala a verdade, vc deu umas moedinhas pra esse cara da cerveja? É merecido!
    Sobre bom humor, pede pro Dudu te dar umas dicas de como acordar animado!!!hehehe

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  6. Sobrinho querido!! Não sei se o curinthia é o novo lider, mas estava até o primeiro tempo. Depois me enfiei para fazer a prova para meus alunos e só parei agora para acompanhar a sua fala. Voçe esta pensando correto sobre o "conhecer" a família do doador, pois ainda esta em recuperação e tem um caminho a seguir para estar fora de perigo. Seus pensamentos vão se organizando aos poucos e embora necessite da sua saúde física, ainda assim ele,o pensar do sentir, estabelece outros valores, que são construídos desde a sua mais tenra infância.Portanto siga como se diz em São Joaquim da Barra durante a procissão: "devagar que o Santo é de barro". Um beijão na cunhada.

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  7. "Tudo tem seu tempo; e se for pra conhecer a família do doador,vc não terá dúvidas na hora" (Míriam Isidoro)
    Portanto, "devagar com o andor que o Santo é de barro!" (sábio tio Paulo!)
    Renas, querido da tia, São Joaquim te espera, viu? O MUNDO ESPERA POR VC.
    Seja como vc resolver.Vai ser positivo. Certeza.

    Carinho da tia Rosa.

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  8. Renas Billy e Irmãzinha,

    Eu traveiz. Acho que só com o fato de concordar em fazer a doação, essa família mostrou desprendimento e amor à vida. Certamente são pessoas esclarecidas e abençoadas. Como diz meu netinho Dani, "Deus os elemunhos". Traduzindo: Deus ilumine e abençoe as duas famílias e tudo vai continuar dando certo...
    tia Rosa e tio Gandhi

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  9. oi Re e Silvia,no meu moda de pensar tudo tem seu momento,agora voce ainda esta numa de se recuperar,se tiver que ser voce com certeza vai conhecer esta familia maravilhosa e abençoada.beijos e saudades.

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  10. Você sabe o que eu penso desses três anos, né?

    Eu olho uma pedra na praia, está parada. Olho com mais atenção: ela se move, gira com a Terra, que gira em torno de si, em torno do Sol...

    Tudo é movimento, Rê e continuo acreditando que você, nessa sua jornada, percorreu muitos mais lugares do que o mais nômade dos viajantes!

    Saudades e um beijo enorme.
    Jack.

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  11. Passei só pra te deixar um beijo!!!
    To meio sem inspiração hoje (também mudo de humor!).
    Mas sempre fico feliz quando leio que vc está se recuperando bem e rapidamente!
    Parabéns pelo Taco Bell!!!
    Saudades! Beijos e beijos pra mamis.

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  12. Primo querido!
    Nossa, vc não tem idéia do qto todos continuam perguntando, torcendo e rezando por vcs!!!
    Fico muitíssimo feliz com sua recuperação e confesso que estou morrendo de vontade de Taco Bell hehe...
    È incrível a facilidade que vc tem para escrever...e é muito gostoso ler tudo o que vc escreve...um verdadeiro dom!!Que orgulho de vc, Renas!!!
    Nao vejo a hora de estarmos todos reunidos.

    Saudade enorme de vc e da Tia Sil.

    "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu"

    Muitos beijos!

    Ná.

    P.S:Tá todo mundo aqui mandando beijão.

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