sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


Oooopa!

                Tudo bem por aí? Por aqui tudo certo! Finalmente está marcada a cirurgia pra tirar a borseta! Nem acredito. Eu nem estava ansioso por isso, quase nada!
                Foi o seguinte: Hoje teve um monte de coisas no hospital, e entre elas a consulta com o Rodrigo. Eu fui na expectativa de tirar o tubo. E parecia que ia tirar mesmo, já que, ao me pesar, vi que engordei dois quilos nessa última semana. No total, quatro quilos em duas semanas. Maravilha pra quem estava emagrecendo e tal, né! E eu anotei, conforme o Rodrigo havia pedido, tudo o que eu comi essa semana. No início da consulta ele disse que não tiraria o tubo, pois achava que eu não havia comido o bastante. Mas é difícil dizer isso, pois lá constava o que eu havia comido, mas não a quantidade. Não tenho balança em casa. E, de verdade, eu comi bem essa semana. Por exemplo, na maioria das noites eu jantei sopa. Mas não era sopinha light de regime. Não, era sopa barbárie da minha mãe. Sopa de feijão com macarrão, creme de aspargo... Tudo bem reforçado, já que minha mãe está levando a sério esse lance de eu engordar! Só esquece que ela também emagreceu e precisa comer melhor. Mas isso é outra história, não menos importante, mas é complicado. É aquele lance, ela só se preocupa comigo e esquece dela. O Rodrigo até deu risada quando eu falei que tinha que colocar o tubo na no nariz dela. Ela não gostou muito da brincadeira, assim como vai reclamar, com certeza, de eu ter escrito isso aqui! Desculpa minha véia, você é cabeça dura, não vai admitir, mas sabe que é verdade.
                Mas então, aí o Rodrigo perguntou pra minha mãe se eu estava comendo bem e ela disse que sim. Meio receosa em dizer isso, mas disse. Ele então deu a sugestão. Falou que, se eu quisesse, ele tiraria o tubo na hora, ali mesmo. Mas que me aconselhava a mantê-lo. Isso porque eu ganharia mais peso e chegaria tranqüilo para a cirurgia da borseta. Parece que é meio chatinha essa cirurgia. Depois que termina, eu tenho que ficar uns 3 dias sem comer, porque tem que cicatrizar e tal. E é uma cicatrização complicada. Isso porque ele fez meio que uma bifurcação no meu intestino. Uma saída é na minha barriga, na borseta, e a outra é no brioco! Heheh E a saída na minha barriga é uma bola até que grande, tem uns 2 cm de diâmetro. Aliás, hoje eu fui trocar a borseta e fiquei viajando. É estranho, parece um pedaço de um nariz do lado do meu umbigo! Lembro que eu divertia as enfermeiras quando elas iam trocar a borseta pra mim, logo após o transplante. Eu ficava pondo o dedo e falando “olha, eu posso encostar o dedo no meu intestino, você pode encostar no seu?” Elas rachavam o bico. Deviam pensar “que gringo retardado é esse?”   
Bom, mas aí, por ser um buraco grande na barriga e um corte também no intestino, já que a parte que sai na minha barriga é cortada fora, tem que deixar o lance quietinho pra cicatrizar. E eu acabo emagrecendo uns 2, 3 quilos. Ele falou também que, no caso de ter algum resto de tumor ou qualquer coisa estranha por ali, ele também vai tirar. Então, é bom eu ter uma margem pra poder emagrecer, sem risco de ficar fraco demais e dar aquela rejeição ao contrário de novo. Outra vantagem de manter o tubinho camarada, é que eu poderia tomar nutrição nesses dias de recuperação em que não pudesse me alimentar, evitando perder tanto peso. E, se tirasse o tubo hoje, poderia perder muito peso e ter que cancelar a cirurgia.
Só um parênteses: não agüento mais falar/escrever “tubo”. Mas não tem outra palavra, é um tubo... ah, posso chamar de espagheti.... não, acho que não... é meio nojento imaginar um espagheti preso na garganta o tempo inteiro há duas semanas, né! Vou continuar escrevendo tubo, mesmo. Mas então, falando assim, fica óbvio que eu não deveria, de jeito nenhum, tirar essa porra desse tubo. Ele viu que eu fiquei bem indeciso e ficou um tempão me falando sobre isso, dando até sermão, na linha “pra quem já se ferrou tanto, como você, isso (mais tempo com o tubo) não é nada”. O que, felizmente, ou infelizmente, é verdade. Me deixou assustado um pouco ao falar sobre a gravidade do que pode acontecer em caso de dar uma merda. Explicou que é um problema irreversível, que não tem o que ele possa fazer. Eu ficaria na UTI até dizer chega. Porque aqui eles não deixam morrer. Eles te mantém na UTI o tempo que for, sofrendo o que for também. Coisas da lei, burocracia, sei lá, nem quis entender, na verdade. Na hora até eu lembrei daquele filme “Mar Adentro”! Aí ele fechou o filme de terror dizendo que o que eu sofri até hoje não é nada perto do que poderia acontecer em caso de uma zica pós-transplante. Confesso que, dessa parte, eu desconfiei um pouco, já que eu quase morri. Literalmente, e mais de uma vez, né. Mas prefiro não saber como é um sofrimento que, perto dele, o que eu passei não é nem cinco por cento! E outra, claro que o objetivo do Rodrigo não era comparar sofrimentos, e sim me mostrar que não dá pra vacilar com a recuperação de um transplante.
Eu entendi o recado. Não sou burro, nem masoquista. Não concordei logo de cara porque estava realmente muito empolgado com a chegada do dia em que tiraria o tubo. Eu esperei a semana inteira por hoje, e acordei até feliz me imaginando sem o tubo. Tem muitas coisas boas no fato de não ter um tererê exótico no nariz. Olha, vocês não têm e não sabem como é bom não ter, viu. Só alguns exemplos, rapidinho: aquela assoada no nariz... Esquece, você pode assoar o tubo! No banho, não rola aquela água na cara enquanto você fica enchendo a boca e cuspindo a água alguns minutos, praticamente em transe! A hora de engolir, eu já falei, não é legal. Outra pentelhisse desse tubo. Pra prender, eu coloco uma fita adesiva no nariz e outra na bochecha. Mas sempre solta, normalmente a noite, quando me mexo mais. E aí fica aquela gosma de cola, que sabonete não tira. Você fica igual um animal na frente do espelho esfregando, aí seca com a toalha, crente que tirou tudo, põe a mão e seu dedo gruda! Eu sempre desencano de tirar a cola e só colo a outra fita em cima e foda-se. Mas ela não gruda direito e logo cai. Aí você vai trocar e tem ainda mais gosma! E assim vai, ficando cada vez mais divertida a brincadeira! Mas hoje eu peguei no hospital um lance que é um removedor de cola. Usei e já estou há umas nove horas sem trocar o adesivo. Recorde, disparado! É isso ae timê! Heheh
Outra coisa que me incomoda é as pessoas olhando com cara de bunda, como falei no outro dia. Alguém pode falar “desencana, não se importe com os outros!” Eu sei disso, mas ah, vai! É um discurso muito bonito, ideal, mas é aquela coisa, pimenta nos olhos dos outros é refresco, né malandrão! Pra cima de mim, não! heheh
Mas hoje posso dizer que eu já evoluí bem nesse ponto, até. Forçado, é verdade, já que, nesse tempo, tive todos os tipos de atrativos. Teve cateter pendurado na teta. Teve a vez que fui pra praia pesando 55kg (tenho 1,86m). Tive, e ainda tenho, uma bolsa na barriga... que as vezes enche rápido e fica um lance lá... fico parecendo o Kid Bengala com caxumba! Heheh. Outra vez fiquei carecão por causa da quimio... Se bem que, nessa fase, a Jack falava que eu estava lindo “carequinha”. Mas eu não sou bobo e estava careca de saber (heheh) que a Jack só dizia isso porque o amor é cego! Mas, sério, se estavam olhando muito, eu não olhava de volta e pronto. Era o melhor jeito. Não me encolhia, mas, também, não ia pro “tá olhando o que?”. Ficava na minha, já que o fato é que eu não veria nenhuma daquelas pessoas novamente, então porque encanar com o julgamento delas. Não era sempre que eu conseguia, mas estava ficando bom nisso. O tubo está sendo uma boa escola, já que, até no hospital, onde tem um monte de gente em tratamento pelos corredores, as pessoas olham com cara de nádegas.
Mas enfim, como não sou um monge tibetano desapegado das coisas mundanas, eu não me sinto a vontade pra sair por aí com essa parada. Aí fico em casa. Mais um motivo pelo qual queria tirar o tubo. Ah, mas pelo menos consegui ressucitar meu notebook! Nada a ver com o assunto, eu sei, mas é que eu fiquei maior feliz! É, porque anteontem deu uma zica aqui, peguei um vírus barbárie. Sorte que um casal de amigos aqui de Indianapolis nos ajudou! Na verdade, nos salvou! É, porque a gente não conhece nada, aí o Renato, um xará gente fina, passou o contato de um cara que veio aqui e em uma horinha arrumou tudo. E não perdi nenhum arquivo. Foda é que cobrou 80 doleta! Mas é o preço. Aqui todo serviço é muito valorizado e bem pago. Sem querer dar uma de paga pau de americano, estou longe disso, mas eles respeitam mais o trabalho aqui. Ou, sei lá, se organizam melhor e combinam que ninguém vai cobrar abaixo de um valor “x”. Assim, quem quer o serviço paga isso, senão se vira! E isso vale pra qualquer serviço, de qualquer nível. Certo, eles!
Bom, mas voltando, deu pra perceber que eu decidi não tirar o tubo, né. Mas a parte boa da história (sempre tem, viu?) é que, dessa forma, é certeza que, na próxima quarta-feira, dia 2 de fevereiro, eu vou fazer a tão esperada cirurgia de retirada da borseta. É a última etapa do tratamento! Eu fico dois ou três dias internado e pronto. O tubo eu tiro no dia que me derem alta. Aí,  é só esperar, ver se eu volto a comer direito, se não dá nada, e boa. Alta pra voltar pro Brasil! Nem acredito! Dá até vontade de chorar quando me imagino voltando pra casa! Eu não gosto de criar expectativa, mas acho que pelo menos antes do meu aniversário eu volto! Na verdade, acho que volto bem antes que isso, mas prefiro ser mais humilde! heheh
                Ah, e só pra terminar bem hoje, os exames de sangue deram tudo bem. Mas um especificamente me animou mais. É um que mede a imunidade, a resistência. Ele dá um número e classifica. O meu deu mais de mil e “strong”! Esse é o melhor nível que pode chegar! É justamente o que estava ruim quando deu aquela zica. Agora esses órgãos vão ficar pianinho, não vão abrir a boca pra me encher o saco! heheh

                Olha, consegui assoar o nariz! E deu certo, o tubo continua no lugar! Viu, se alguém, algum dia, precisar assoar o nariz mas estiver com um tubo nele, é só me perguntar que eu ensino! heheh

                Ah, e Kamila, minha prima, um recado da Santinha: “Obrigado e parabéns pelos 20, Ka!”

4 comentários:

  1. mano, já que vc vai voltar logo. reza bastante aí pra gente não ser eliminado da libertadores!

    abs e boa sorte com o tubo!

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  2. O Dr. Rodrigo, deve saber a história dos “bodes na sala”, pois utilizou-a com perfeição na argumentação a favor de manter o tubo. Eles mostrou tantos riscos e “senões” de tirá-lo “hoje”, que você até aprendeu a assoar o nariz - kkkk

    Cada vez mais perto do Brasil!!! Já o Timão.....

    Bjão!

    Pe

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  3. oi Re que bom que esta chegando o dia de seu retorno, voce não imagina como isto nos deixa feliz, olha que ate aprender assoar o nariz com o tubo voce aprendeu, muitaaa muita saudades de voce ede sua mãe esta mãe maravilhosa,que Deus abençõe voceis,beijos beijos

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  4. OI RERE QUE TAL CHAMAR DE CANUDINHO O SEU FAMOSO TUBO (JA Q NAO GOSTA DESSE NOME)rsrsrs..
    que gostoso começar a pensar na volta nào vejo a hora...de comemorar seu (nosso) aniversário com vc aqui.
    mil bjs proce e na santinha RECHEADO de muita saudade (JA Q VCS ESTÀO PRECISANDO ENGORDAR)rsrsrs
    TIA FLA E ALVIM.
    E o frio ta dando trégua ou ainda continua arrepiando?...Sentimos falta de seus comentários sobre o Coringão, oq está acontecendo?

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