domingo, 13 de fevereiro de 2011

EPOPÉIA 10

Oooooooooba!
                E aí, belezinha? Por aqui tudo certo! Não tem nenhuma novidade. Então vou contar um pouquinho mais do sonho que eu tive durante a epopéia.
                Um lance estranho que rolou quando eu estava meio que acordando era nas horas que eu fechava o olho. Era muito doido. Eu estava acordado, e era só fechar o olho que, na hora, eu via coisas. Mas era instantâneo. Era fechar os olhos que, no mesmo segundo, apareciam umas imagens. Eu tentava dormir, mas não rolava. Eu ficava tentando imaginar um lance preto, sabe, igual quando você quer dormir, mas a cabeça não para de pensar em mil coisas. Eu ficava: “pensa preto, tudo escuro... vai porra!”, mas não rolava. E eu abria o olho mas, ao fechar, muitas vezes eu voltava a ver as mesmas coisas, estava no mesmo lugar, mesmo sonho. Eu lembro algumas coisas, tipo eu olhar em volta e ver um oceano gigante. E eu no meio desse mar gigante sem nenhum barco, prancha, nada. Mas também eu não afundava... Eu estava meio que sentado no mar. Outra hora eu fechava o olho e caia uma chuva de bebês vestidos de ursinho de pelúcia! É, pois é, isso mesmo! E eu ficava na nóia de que todos iam morrer espatifados no chão, mas eu olhava pra baixo e eles continuavam caindo, não paravam de cair... Eu ficava olhando e eles iam ficando cada vez mais pequenos na minha visão até perder de vista. Teve chuva de cocô também! Sério! Mas eu não era atingido, continuava limpinho. E também não fedia, então eu nem encanei, fiquei sussa com a chuva de cocô! heheh. É, porque chegou uma hora que eu comecei a nem me preocupar. Eu sabia que ao fechar os olhos eu ia ver coisas. Comecei até a me divertir, tipo: “o  que vai vir agora, vamos ver!”, e fechava os olhos. E não é que eu usava a imaginação, ou aparecia algo que eu pudesse estar pensando antes, sei lá. Ou você acha que em algum momento eu pensei em bebês caindo do céu em roupas de pelúcia? E não, não estava também pensando em ter filhos... já que é isso que falam quando conto essa parte do sonho: “ah, no seu inconsciente, você quer....” Não, não queria, e continuo não querendo! Mais pra frente, daqui uns anos, vou ter uns três, pelo menos. Mas bem mais pra frente! Por enquanto, prefiro me divertir com o bebê dos outros!
                Ah, um lance doido que aconteceu foi uma vez que eu fechei os olhos e me vi preso numa cadeira, que estava no meio de um trilho do metrô, e o trem vindo. Nossa, aí fiquei desesperado! Tomei o maior susto, dei um berro (ou tentei dar um... na minha cabeça foi um puta berro!). Abri o olho na hora e não queria fechar, nem a pau! Segurei ele aberto um tempão. Fiquei com muito medo, essa hora acho que eu me confundi, sei lá, não tinha tanta certeza que era só sonho, achei que se fechasse ia dar merda. Fiquei com o olho aberto o máximo de tempo que consegui, até arder muito. Aí quando eu fechei eu não estava mais no trilho. Não lembro onde estava, mas não fui atingido pelo trem. Mas foi muito doida a sensação, eu tenho direitinho a cena na minha cabeça, o trem estava vindo a milhão, a uns 30 metros de mim. Lembro que até segurei as pálpebras com as mãos, pra não deixar fechar! Meu coração disparou, a maquininha que media os batimentos do coração começou até a apitar. E pra explicar para os enfermeiros, que vieram correndo: “é, então, é que estava vindo um trem na minha direção!” Aí que o apelido de louquinho da UTI pegou, de vez!
Eu tive um outro sonho também que foi engraçado. Mas esse foi depois, eu já estava até na semi-intensiva, tinha saído da UTI. Foi sonho a noite e tal, mais “normal”, de dormir, sonhar, acordar e ver que foi sonho. Nesse, eu era super amigo daquele Jack Black, o ator lá! Muito nada a ver né. Nunca nem assisti um filme dele, não sei de onde eu tirei essa! E o lance é que eu tinha acabado de sair do hospital e estava dando rolê de carro. Aí eu bati feio e acabei com o carro. Comigo não aconteceu nada, nem com ele. E ele era meio sem noção, falou: “é, desencana, deixa o carro aí e vamos a pé”. E a gente foi pra um barzinho, desses botecão meio padoca, de esquina. E era cedo, tipo uma da tarde. E eu ficava pensando: "pô, eu não podia beber essa breja". Mas bebia. E aí me deu uma puta vontade de fumar.
Aqui vale um parênteses, uma observação, só pra contextualizar a parada. Eu fumei por um bom tempo. Desde os quinze anos. E quando fui entubado, um dos motivos foi meu pulmão. Mas nem teve a ver com o fato de eu fumar. Acho que foi mais por eu ter ficado muito fraco, sem me movimentar na cama... Com a grande ajuda do ótimo e atencioso pessoal do São Luis, que cuidou muito bem desses problemas gerados quando o paciente fica muito tempo acamado. Minhas costas ficaram podres também, já que eles não me mexiam, nem nada. E é importante quando o paciente não pode se mexer, que tenha suas pernas movimentadas, que o coloquem em uma posição mais vertical. Isso é básico, eu acho, senão ferra a coluna e começa a acumular líquido no pulmão, como no meu caso. Mas eles acharam melhor não. Claro, né, depois era só mandar eu colocar aquela mascara de BiPap, pra tentar ressuscitar o pulmão. As costas não, essas reclamam até hoje! Está certo que eu tirei dois tumores, não tinha como não ter muitas dores meio que crônicas. Mas acho que, pelo menos, eu teria gastado menos dinheiro com fisioterapia, né! Aliás, me dá uma sensação muito ruim quando penso no quanto que eu poderia ter economizado, de grana mesmo... nem falo de sofrimento, se eu tivesse tido um pouco mais de atenção por parte de alguns profissionais que me trataram durante esses anos. E não cabe aqui aquele discurso de que a saúde é que importa e tal... É claro que é, eu sei! Só que foi muita grana, mas muita mesmo, que minha família gastou e poderia ter economizado. Mas prefiro não pensar nisso. Tirando que, com certeza, meus pais não vão gostar de eu ter tocado nesse assunto aqui. E também, é aquele lance, as coisas acontecem do jeito que têm que acontecer... E quando pensar isso não me convence, penso então que o que passou, passou, né! O que não rola é ficar com coisa ruim guardada, te amargurando. Quando fico assim, faço isso, tento de todas aas formas tirar da cabeça, antes de chegar ao coração, porque aí fica mais complicado. Não é sempre que dá certo, mas eu sempre tento! rs
Mas voltando ao lance do cigarro. Eu já estava querendo parar, mas não conseguia. Eu nunca fumei muito, na verdade. Em dias de semana, ou melhor, dias que eu não bebia, eu fumava uns quatro cigarros. Mas sempre Marlborão vermelho, né, isso que era foda. Tentei várias vezes fumar algum cigarro light, mas não rolava. Sempre chegava a mesma conclusão: se era pra estragar meu pulmão, que fosse com prazer né, não só pra sustentar o vício! Sim, eu também sei me convencer a fazer merda! O engraçado, na verdade não sei se engraçado, é que eu sempre pensava que teria que acontecer alguma coisa meio grande pra eu parar de fumar. E eu estava certo né, dei uma de Mãe Dinah! Heheh.
Mas então, voltando ao sonho (tá foda né, é um tal de voltando a isso, voltando aquilo... Foco Renato, foco! rs). A gente estava no boteco tomando cerveja e fumei um cigarro com meu brother Jack Black. E nesse sonho eu tinha passado por toda a treta, era bem real. Eu não poderia fumar. Mas não agüentei e comprei um cigarro. Fiquei muito arrependido, mas não parava de fumar. E a gente ia indo pra minha casa. E eu ficava pensando “Puta, vou chegar com o maior fedor de cigarro, puta cagada!” Mas antes de chegar em casa eu acordei. Nossa, senti um puta alívio quando percebi que estava no hospital. Não lembro quem estava no quarto na hora, que disse que dei uns tragos numa caneta Bic! Heheh Mas lembro que foi muito bom perceber que foi um sonho e eu não tinha fumado! Foi super significativo, fiquei muito feliz por não ter fumado. Era algo que eu pensava muito no hospital, tinha muita vontade de fumar, Eu pensava muito em como eu iria fazer pra não fumar quando saísse do hospital. Foi muito difícil no começo, mas agora já faz três anos que eu não fumo. E nem tenho vontade mais. Legal, né? É um dos bons frutos dessa treta toda.
Tem outra história que eu achei interessante. Assim, eu tinha certeza que tinha sido mal tratado pelos enfermeiros. Não sei o que me trazia essa sensação. Porque não consigo imaginar que algum deles tenha realmente me feito qualquer coisa. Acho que eu tinha essa sensação devido a falta de respeito que vinha de alguns médicos, tipo a Japa mal amada, que não tinham a menor crença de que eu ia viver e, por isso, estavam sempre em conflito com minha família. Acho que essa energia negativa que alguns tinham em relação a minha recuperação chegava a mim dessa forma. Porque era um lance muito forte, tinha uns enfermeiros que eu tinha um pouco de medo até. E teve um dia em que eu estava conversando com aquela enfermeira mãezona, que eu gostava, ainda na UTI, e perguntei se eu poderia escolher os enfermeiros, ou pelo menos evitar um ou outro. Ela disse que eu poderia tentar, mas que era difícil. E nesse dia, ela foi embora e veio um que eu não gostava, que eu tinha medo mesmo. Aí quando o vi, pensei: “Ih, fudeu! Esse cara é sacana, preciso fazer ele ficar meu amigo!” E resolvi que ia contar tudo que tinha acontecido comigo pra ele ficar com pena de mim e me tratar bem.  Meu, aí contei tudo, num tom bem melancólico, bem reclamando da vida. Falei do tumor das costas, do seqüestro, do prejú de mil reais com a batida do meu carro, e que depois disso tudo eu ainda quase morri e tal! Até chorei, contando. Nossa, deu certo! O cara ficou todo sensibilizado, ficou amigão meu, super solícito e tal. Heheh.
Eita, escrevi demais. De novo! O pior é que eu tento escrever uns posts mais curtos, mas quando vou ver, já foi! Bom, agora vou dormir! Um beijo pra todo mundo. Com muita saudade! A ansiedade está grande pra voltar e encontrar todo mundo! É aquela história, eu estou no elevador... Mas parece que esse prédio tem uns 200 andares e eu moro na cobertura!

Um comentário:

  1. Oiii Renas e ai quando esta marcada a volta para ca? Estamos ansiosos com a espera e queremos que conte seus sonhos maluquetes ao vivo e a cores...estou morrendo de saudades de vcs...bjs mil
    tia Fla

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