sábado, 5 de fevereiro de 2011

Faaala!

              Então, o Rodrigo acabou de me dar alta (agora são 15h30)!! E tirou o tubo do meu nariz também! Nossa, muito bom! Agora sim, eu estou sem nada em mim! Nada mesmo! Tirando os grampos na cicatriz da borseta. É sério, ao invés de pontos, são grampos, igual a grampos de papel mesmo! E é o normal, aqui todas as cicatrizes são fechadas assim. A minha do transplante é que foi diferente por ter sido de pontos iguais os do Brasil. Só fiquei meio tenso, pensando na hora de tirar! Mas eles falaram que é mais tranqüilo, que a pele vai meio que expulsando esses grampos e, no fim, é até mais sussa!
              Mas não estou nem um pouco preocupado com isso! É que é meio assustador, é uma cicatriz bem feia, tem uns sete centímetros, e envolta está tudo inchado! Eu achei que seria mais simples. Na verdade nem imaginava o que seria, achava que era só tirar a borseta, sem nem dar pontos. Não imaginava que seria assim, uma cirurgia mesmo. A dor é bem chata. Hoje melhorou um pouco. Ainda estou com remédios fortes. Mas também, hoje só faz dois dias. E tudo bem que não foi um transplante, mas foi uma operação. Não tem como não doer. E não existe isso de “ah, depois de fazer um transplante, qualquer coisa é fácil”. Seria bem legal se fosse assim, mas, pra mim, cada vez é uma vez... tem seu brilho próprio! rs. A dificuldade de uma outra treta não alivia a que está por vir. Isso pode ser pra algo psicológico, a forma como você encara um novo problema depois de ter enfrentado um maior. Mas pra dor, coisas físicas, infelizmente, isso não existe. Pelo menos pra mim. Ou você não vai sentir nada se torcer o pé só por ter quebrado ele antes? Antes fosse, né!
   O engraçado é que eu não lembro direito de depois da cirurgia, no dia. Minha mãe falou que eu fiquei a noite inteira acordado. E que ficava olhando pra minha barriga, sem acreditar que eu tinha tirado a borseta e não tinha mais nada em mim! “Olha mãe, não tenho mais nada na barriga! Olha!” E não deixei ela dormir, também! Heheh Tadinha! Mas, sério, eu até agora não acredito que tirei tudo. Quando ele falou, à tarde: “vamos tirar o tubo”! Nossa! Aí, na hora, já comecei a tirar os adesivos que o prendiam ao meu nariz, antes mesmo de falar “vamos”! E tinha uma galera com ele no quarto. Parecia uma torcida, enquanto ele tirava, ficou todo mundo me olhando. Acho que sabiam que eu não ficava sem nada em mim há um bom tempo, e queriam ver minha reação! Nossa, eu só não berrei por respeito aos outros pacientes! Mas a vontade era sair comemorando, gritando! Não vejo a hora de dormir hoje, deitar na cama sem nada, nenhum adereço! É, foi meio simbólico hoje, um dia marcante, mesmo. A semana toda foi legal, de certa forma. Sem querer ser exagerado, mas rolou uma libertação.
              E antes de sair, o Rodrigo liberou minha dieta. Posso comer tudo. Acho que foi a melhor visita de médico: teve tirada de tubo, abertura de dieta e ainda alta! Se bem que eu tenho que ir devagar com a alimentação, né. O intestino ainda não está trabalhando perfeito.  Tenho que comer coisas de fácil digestão. Não adianta querer engordar logo e mandar ver no bacon, sorvete, chocolate, Big Mac e tal. Têm que ser umas paradas mais suaves. Senão eu viro rei mesmo, e não saio do trono o dia inteiro! Mas, nossa, não ter que esvaziar a borseta, ver se ela está bem fixa... pensar em que horas comer pra não ficar com ela cheia onde não possa esvaziar. Sério, isso não tem como descrever, é uma alegria mesmo, estou muito feliz de ter passado essa etapa. Como disse a minha véia, demos um importante passo! A contra partida, de ir mais vezes fazer o número dois, não é legal, mas é fichinha. Sério, não chega nem a incomodar. E outra, é comum né, uma situação normal pra muitas pessoas.
     Eu sempre ficava pensando que era muito doido isso que acontecia comigo. Eu nunca ouvi história nem parecida com a minha, e isso me deixava meio assim. Claro que eu nunca quis que alguém passasse por isso, óbvio. Eu me sentia mal por pensar nisso, mas achava que seria legal conhecer a experiência de alguém que vivia a mesma dificuldade que eu. Até pra trocar informações, ver como a pessoa fazia, falar como eu lidava com o lance. Me incomodava ser sempre o caso mais complicado, o caso raro, e ter só eu mesmo como parâmetro. Por isso que eu penso que, esses primeiros tempos em que eu tiver mais dificuldade com a digestão, não posso nem considerar como um problema! Sem querer dar uma de malandrão. Mas não é verdade? Agora eu só comemoro. Já até estou achando essa cicatriz horrível, bonitinha! rs. E tirei o tubo! Posso lavar o rosto, assoar o nariz e, claro, tirar catota quando eu quiser! Ah, tá com nojinho, 01? Heheh
     E teve mais uma noticia boa hoje. Aliás, foi a primeira coisa que o Rodrigo falou hoje ao entrar no quarto. Eles fizeram um exame ontem, uma ressonância de corpo inteiro (viu Jack, corpo inteiro!), pra ver se tinha mais algum tumor me enchendo o saco. E não tinha nada! E eu percebi que eles estavam mesmo preocupados com a possibilidade de ter outro tumor, por terem achado um na hora de tirar a borseta. Mas esse que eles tiraram, na verdade, já estava lá antes, não surgiu depois do transplante. Isso sim, seria preocupante, né. Um tumor surgir assim, um limão, em três meses! Mas não, o Rodrigo nos falou que lembrou depois. Na cirurgia do transplante ele já havia visto esse tumor. Mas não extraiu, pois o corte teria que ser muito grande, o que iria atrapalhar, ou até impedi-lo, de colocar a borseta. Então ele deixou pra tirar agora, junto com a mesma. Isso deu uma boa tranqüilizada, principalmente na minha véia, que ficou daquele jeito quando ele falou desse tumor. O lance agora parece que é tranqüilo, a chance de ter tumor nos órgãos novos são bem pequenas. Claro, de tempo em tempo terei que fazer exames, pelo menos a cada seis meses, pra ver se não tem nenhum pólipo. Se tiver, é só tirar... queimar, né. E pronto. Então essa é a boa notícia, esse tumor não é algo que cresceu tão rápido, ele já estava lá há algum tempo. E eu não me importo de fazer colonoscopia a cada seis meses. Não mesmo, não sou trouxa!  Sou o Rene tantan, mas não trouxa! Heheh
    E aí foi isso. Hoje o Rodrigo falou de uma forma mais direta sobre a gente voltar ao Brasil. Até agora ele só falava de forma mais distante: “é, vamos ver...” Mas hoje não, ele falou como algo próximo. O próximo passo mesmo. Não tem mais nada a fazer, o tratamento acabou! Ele falou: “você está zerado, zero bala... olha só, você está bem!”. Agora é só esperar, ver se eu continuo assim, se eu embalo de vez. Aí é alta, forevis! O fim da epopéia esta chegando! Eu nem consigo acreditar direito! Estou até meio repetitivo nisso, eu sei. Mas é que, meu, é muita coisa isso que está acontecendo agora! Agora eu estou vendo o resultado do transplante. Claro que faz três meses que tirei o catéter e tudo mais. Mas agora eu estou sem nada. Não preciso nem de gaze pra um curativinho simples! Então, é como se o resultado estivesse mais palpável, mais nítido, mais completo! Era por esse dia que eu estava esperando desde que pensei em fazer o transplante, seis meses atrás. Eu posso falar o tanto que for, mas nunca vou conseguir passar pra vocês a forma como isso tudo está reverberando aqui dentro. Sei que é uma das melhores sensações que eu já tive! E se tem algo indescritível, é o que eu estou sentindo agora! Agora eu consigo falar sem medo: Deu certo! Isso tudo, todo o esforço, de todo mundo, deu certo! A gente conseguiu! Parabéns pra nós! Como disse minha mãe a pouco, acabamos de tirar o último bode da sala! E aproveito pra me corrigir: quem contava essa história do bode era o Vô Aiçar, e não a Vó Chafia! Mal aí, Vô! heheh
     E pra vocês terem uma idéia de como hoje foi importante, pela primeira vez falamos sobre como conduzir o tratamento quando eu estiver no Brasil. Um sinal de que o Rodrigo já está me vendo no Brasil em breve. Ele disse vai ser meu médico. Sempre. Não por falta de confiança nos médicos brasileiros. Nem chega a isso. É pelo mesmo motivo que prefiro continuar com ele como coordenador do meu caso, pelo tempo que for. Simplesmente porque não existe nenhum médico no Brasil que tenha a formação necessária, a experiência e os recursos, para tocar o caso de um transplantado (palavrinha feia) multivisceral. Claro, senão eu teria feito meu transplante aí, né. E isso envolve muita coisa, como eu já disse. Coisas que independem dos profissionais. Dependem, sim, de uma atitude do governo, no sentido de realmente querer fazer as coisas acontecerem, e não simplesmente tirar um problema da frente.
Mas o lance é que ele não pode fazer prescrição daqui dos EUA, claro. Então, um dos médicos que fez estágio com ele aqui no Indiana University Health, vai ser a ponte, fazer o canal. E esse médico acompanhou minha cirurgia, conhece o meu caso e tal. Eu acho melhor assim. Fico mais seguro. Assim, qualquer coisa que aconteça, em caso de haver algum problema que demande alguma decisão em relação ao tratamento, o Rodrigo seria a pessoa pra decidir. Mas isso é só pra me sentir mais tranqüilo, já que como ele mesmo falou, uma vez que eu entrar nos trilhos e embalar, não tem mais erro. É só tomar os remédios e pronto. Nada mais de rotina hospitalar. Só um examezinho de vez em quando, pra garantir.  
Então beleza, agora vou dormir! E, com certeza, dormir muito bem!
              Um beijo e valeu todo mundo por mais essa torcida! Eu tenho muita sorte por ter toda essa energia que vocês mandam! E, vocês sabem, sempre que precisarem, estarei aqui... ou melhor, aí! heheh 

7 comentários:

  1. Reverberando? Fala sério! O Professor Pasquale Cipro Neto, ficaria orgulhoso de ler seu Blog (Ao menos, na maioria das vezes - kkkk).

    É impossível “sentir o que você e a Tia estão sentindo”, mas tenha certeza, que todos estamos muito (mas muito mesmo) felizes que isso tenha acabado. É isso ae, ACABADO!

    Daqui pra frente, quando falarmos em cirurgia, o tempo verbal será no passado! O foco agora é data da volta e agendar uma festa na fazenda. Ah, é claro, vê se come direito!

    Mais uma vez, PARABÉNS pra vocês!!!!!!

    Pe

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  2. oi querido parabens ! voce conseguiu ! agora é só alegria! bem vindo a sua nova vida!beijos a voce e a prima silvia , regina celi,a isa ta mandando beijos a voce

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  3. Iuhuuuuuuuu!!!!! II Festa do Galpão à caminho!!!! Aí Seu Luís,pode ir preparando o boi no rolete!!!!!!e o porco tbm...mai num é o Parmêra não,viu?????kkkkkkkkk

    Queridíssimos,tô sem palavras!!! Melhor nem tentar!!!

    Manda um beijo pro 'tio' Rodrigo e diga que ele tem mtos fãs por aqui!!!
    E pra vcs,um abraço mto apertado!!!
    Fiquem com Deus,e até a Volta!
    Kamila

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  4. Bah, só dá pra dizer parabéns.. e com os olhos marejados... um aperto pra ti, rapaz, e um profundo PARABÉNS!!! beijo

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  5. parabéns renato! vc é guerreiro, é curintias mano.

    abs

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  6. Um dia escrevi sobre um pássaro que na hora de voar não conseguiu porque de tanto tempo sem voar acabou desaprendendo. E eu disse que esse não era problema do pássaro dessa historia, nem fudendo. o problema estava nas asas.

    é isso aí ... asas reparadas ...
    Boa muleque... vamo junto... e muita calma nessa hora...
    ....vai comer... 2 em 2 horas sem pausa ....

    UM PÁSSARO A FRENTE E VOCÊ NÃO ESTA MAIS NO MESMO LUGAR

    valeu...
    abs

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  7. É isso aí, Rê querido, asas reparadas, zero bala, agora é segurar as
    rédeas de SUA PRÓPRIA VIDA nas mãos e se cuidar. E, chegando ao Brasil, é cuidar de vc e da Irmãzinha.

    Graças a Deus, anjo Rê, graças ao Dr Rodrigo, tbm à inteligência da dupla SÍLVIA/RENATO e ao amor que vcs têm à vida ... enfim, TUDO BEM.

    Tia Rosa

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