sábado, 19 de fevereiro de 2011

EPOPÉIA 12

Faaaala!
                Por enquanto não tem novidade. Só ansiedade! Se bem que ontem foi engraçado. Fomos ao cinema, e assistimos o Toy Story 3 em 3D. E minha véia nunca tinha ido em cinema 3D. Meu, vocês não tem noção! Começou e filme e ela: “ai Renato, que que é iiiiisso meu filho! Nossa senhora, miiiiinha mãe! Ai to com medo, vou tirar esse óculos!!”heheh Tive que falar que estava tudo bem, acalmá-la, senão era capaz de ela tirar mesmo! Mas foi muito engraçado! E só tinha a gente no cinema. Sério, uma puta sala Imax gigante, com umas 600 poltronas, e só a gente! Ainda bem, porque nessa hora minha mãe falou um pouquinho alto, viu! E eu, mané, chego em casa e percebo que esqueci minha mochila. E o pico já tinha fechado! Maior nóia, porque tinha minha carteira né, e perder a carteira é um saco.  Mas deu tudo certo, hoje cedo liguei lá, eles acharam minha mochila e depois eu fui buscá-la a tarde. Tranquilo.
                Como não tenho mais muito assunto, vou falar da epopéia! É o seguinte: Depois que eles me visitaram aquela primeira vez, passaram a me visitar todos os dias, em todos os horários, iam revezando. O resto do tempo eu ficava vendo TV. Mas mesmo “acordado”, eu ainda rodava o hospital inteiro. Ficava um dia em cada cômodo. Sendo que era viagem minha, eu nunca saí da cama enquanto estive na UTI. Mas aos poucos eu ia voltando... para o meu nível natural de leseira! E quando soube da história do que tinha acontecido, que eu não viajei o Brasil inteiro (eu não lembro direito, mas eu fui pra Boston também, sei lá como, mas lembro disso), eu fiquei muito confuso. Fui percebendo que não lembrava de nada quase, muito do que tinha acontecido antes do coma, eu não tinha idéia. Umas coisas eu ia lembrando conforme me contavam. Muitas visitas eu não lembrava. E em cada visita que me faziam, quase sempre eu queria saber sobre esses dias, o que eu tinha feito. Eu fiquei bem impressionado com algumas coisas e tal. E, no começo, não me contaram tudo de verdade, tipo, toda a gravidade do que havia acontecido. Por exemplo, não me falaram que o Dr. Amsterdãm tinha feito tantas coisas legais durante o tratamento. Mas isso eu entendi, porque ele iria continuar me atendendo no hospital, então era importante eu não ter bode dele, pro meu bem. E eu até gostava dele, não sei porque. É que quando ele viu que eu não empacotei, ficou todo e todo com a gente, querendo compensar. Era o mais simpático do mundo, mais solícito. Claro né, ia fazer o que depois de tudo? Só quando saí do hospital que soube o que rolou, porque mesmo a parte em que eu estava bem, as cagadas que presenciei antes do coma, eu havia esquecido.
                E por um tempo eu achei também que tinha tirado boa parte do tumor. Não tirou nada. E falavam também que depois que eu saísse, o tratamento seria simples, eu tomaria Celebra por um tempo, o tumor regrediria e já era. Acho que era o que minha família queria acreditar. E eu também, né. E, sei lá, eu fiquei com uma sensação de que o pior tinha passado, que eu tinha vencido, não tinha morrido e tal. Com certeza, eu não fazia idéia do que iria acontecer. Aliás, o Daniel não me falou, nessa época, que a médica Japinha falou que eu ia morrer, assim sem firulas. Me falavam que eles davam 30% de chances e tal. O que eu já achava barbárie! Acho que também não queriam que eu tivesse energia ruim em mim, em relação a nada ou ninguém. Concordo com eles, energia ruim não ajuda. Quando eu tive alta da UTI, era o Israel que estava comigo no quarto. Legal, né! Chorei muito ao chegar no quarto da semi-intensiva. Nossa, ali era o paraíso pra mim. Sentia como se tivesse saído do hospital! Pra vocês terem uma idéia como é ruim uma UTI. Perto dela até uma semi-intensiva é legal!
                E fiquei muito feliz que tinha telefone e eu podia usar. Na UTI não podia celular, nem nada. Eu tinha muita vontade de falar com meus amigos, pois durante o tempo todo lá eu só falava com minha família e a Jack. Claro que eram os mais importantes, mas eu me sentia isolado do mundo. E na hora eu peguei o telefone e liguei pro João, pro Luciano e pro Pimenta. Lembro que o João estava saindo de um jogo do Corinthians, com o Nonô e o Buzudo, acho. Nossa, eu tinha que desligar logo, pois não queria dar uma de chorão. E era começar a falar que eu começava a chorar. Aliás, essa internação foi minha fase mais chorão. Sei lá o que dava, eu chorava toda hora, as vezes do nada, vendo TV sozinho, muito doido! Mas é bom chorar, né! É que eu nunca fui muito de chorar. Eu devia chorar mais, eu acho, mas é bem raro. Tem vezes que quero, mas não consigo.
                E na semi-intensiva eu comecei a receber visitas. Era muito legal, me fazia muito bem. Foi uma galera. Mas depois de uns dias, acho que uma semana, eu comecei a ficar meio cansado, não só fisicamente, da cabeça também, e passei a não querer mais visitas. Era um lance que eu me sentia muito mal em fazer, lembro que teve gente que chegou até a porta e eu não quis falar. Acho que foram dias em que o côco aqui ficou meio atrapalhado. Afinal, eu comecei a saber e entender tudo só depois, quando estava na UTI e mais quando estava na semi. Era muita informação. Mas eu recebia gente ainda. Mas não tinha nada a ver com quem ia, eu simplesmente tinha dias que não queria falar com ninguém. Até a Jack, por exemplo, que ia todo dia me ver, tinha dias que ela levava um livro e ficava lá do meu lado, quieta, a gente nem trocava uma palavra. Ela foi esperta, quando percebeu essas minhas variações de humor, deixava sempre um livro na bolsa! Lembro que quando isso acontecia, eu nem tentava entender e ir contra. Eu meio que aceitava e deixava ser. Estava começando a tentar me entender e me respeitar. Porque um lance que atrapalha a gente a ser o que temos que ser é essa mania de que tudo tem que fazer sentido, né. Mas é um sentido que vem de fora, uma convenção, algo não tão seu. É baseado em alguma lembrança, coisa passada, algo que você viu, ou até mesmo aconteceu com você, mas em outro momento. A gente sente alguma coisa, que vem de dentro, mas aí pensa: “ah, nada a ver, eu estou viajando!” E desencana. É assim que a gente vai ficando mais longe de nós mesmos! Temos que nos respeitar mais. Às vezes, acho que, se a gente pensasse menos, em certos momentos seria melhor. Ih é um papo longo... mas por cima, é isso... eu acho!
                Acho que fiquei uns 25 dias na semi-intensiva. O tempo lá foi chato. A empolgação, o paraíso, não durou muito, não! Heheh Depois de uns dias eu comecei a tomar água e sucos (aqueles de caixinha). Depois fui pra gelatina. Depois tinham aquelas sopas horríveis. A comida do São Luis é pior do que a do Sírio. Mas lembro que quando passou pra sopinhas, aí o intestino voltou a ativa. Nossa, vocês não tem noção. A primeira noite foi barbárie! E eu tinha que chamar a enfermeira toda hora, pois não andava, tinha que ir de cadeira de rodas pro banheiro. Confesso que umas vezes não dava pra esperar. Sim, eu usei fraldas geriátricas um tempo! E mesmo assim, umas vezes tinha que trocar a roupa de cama toda. Nossa, agora me veio direitinho essas cenas da fralda... Com certeza foi o momento mais constrangedor desses três anos! E não era uma vez ou outra. Acho que nessa primeira noite, “o intestino funcionou” (de nada!) umas trinta vezes. De verdade, chutando baixo. Era impressionante, meu intestino estava como um tobogã! As paradas que eu comia não davam nem oi. Passavam direto, sem olhar pro lado! Lembro que fiquei noiado, porque a Jack iria dormir comigo no dia seguinte, lá. Aí é foda né. Porque uma coisa é isso acontecer com o Dudu ali. Estou nem aí, problema é dele! Heheh Mas com a namorada num rola! Ainda bem que, no dia seguinte, me deram alguma coisa, e o intestino também começou a ficar mais calmo, e a noite foi mais tranqüila. Digamos que não chegou a ser romântica, mas não foi o desastre que poderia ter sido! Ah, e nesse dia me falaram que a morfina atrapalhava o intestino. Eu tinha aquela bombinha de PCA com morfina, né. Meu, na hora, parei de tomar. Sentia umas dores fortes nas costas, mas preferia as dores do que as 30 vezes daquela noite. Sério, foi traumatizante! E graças a Deus que isso nunca mais se repetiu! Inclusive, pensando agora no desenrolar da epopéia, eu vim a ficar um ano sem mandar um #2, né! Olha, será que foi pra compensar a diversão daquela noite? Heheh
                Bom, depois eu continuo! Ah, e uma notícia boa, que eu estava esperando faz tempo! Compramos as passagens de volta!!! É isso aí, dia 27, sem ser esse domingo, o outro, estamos chegando! Agora é oficial! É meu, agora acabou a folga de vocês, eu e minha véia vamos chegar chegando aí, viu! Daqui uma semaninha é nóis! Não, quase não estou ansioso, quê isso! Vai Curintia! E sacanagem, meu amigo Ronaldo se aposentou! Depois eu conto o dia em que batemos o maior papo na sala de tomografia do Sírio! É, meu, depois de ouvir o que tinha rolado, ele lançou um "caraaaaca mermão!". Pois é, o Fenômeno ficou impressionado! Viu só, não sou pouca bosta não, meu, eu sou é muita bosta, meu amigo! heheheh
                Beijão pra vocês e até mais!!

3 comentários:

  1. Aaaahhhhhh...agora eu entendi pq que o carnaval vai ser em março neste ano...É pra esperar vcs!!!rss
    Que moral,hein?!!
    Maravilha!!!!!!

    SEJAM MUITO BEM VINDOS,QUERIDOS!!!

    Fiquem com Deus!!Bjs!!
    kamila

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  2. BEM VINDOS MEUS AMORES me coloco a disposiçao se precisarem de alguma coisa é um prazer enormme vê-los novamente beijos regina celi

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  3. Renas,

    muito bom que já comprou as passagens!!!!
    Pô, não dá pra adiantar ae?!!!

    Cara, é verdade essa história do Ronaldo? Será que nessa época ele já tinha hipotireoidismo? Aliás agora ninguém mais é obeso porque come...é o hipotireoidismo que engorda! hehehe

    Cara, também tô muito ansioso por sua volta. Vê se pega uma escala pra São Joaquim....acho que dá pra aterrisar lá...ó problema é só se chover!

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