segunda-feira, 7 de março de 2011

Ooopa!
Primeiro eu quero que agradecer aos comentários todos que vocês deixaram. Pessoal também escreveu no facebook, lá. Valeu mesmo, de coração! E, pensando agora, não vejo melhor utilidade pra internet! E meus amigos, os caras fizeram um vídeo muito legal. Um dos presentes mais bonitos que já ganhei.  Fiquei emocionado mesmo, de verdade. Minha véia então, vixi, chorou até não dar mais! No fim desse post coloquei o link pro vídeo! Puta homenagem legal! Não esperava uma dessas!
                Bom, estou aqui esperando a próxima dose de morfina. É à 1h30 e agora são 1h15. Eles diminuíram a dose. Era 8mg a cada três horas, agora são 4mg a cada quatro horas. É uma forma de ir libertando meu organismo dessa porra. É, porque gera uma bela de uma dependência. Claro né, termina com “ína”. E eu estou lidando cada vez melhor com essa dor. Mas ainda assim, é um baita alívio quando tomo a tal da dose. Alivia bem. Fico quase sem dor nenhuma. Dura pouco, coisa de umas duas horas, depois a dor volta, em sua totalidade. Mas se tem um lance que eu fiquei bom nesse tempo foi em tolerar dor. Tem coisa que me tira do sério, que não consigo ignorar. Estou falando só das coisas físicas. A ardência da borseta, por exemplo, era, por vezes, insuportável. Eu me lembro de várias vezes que eu berrava. Era um misto de dor com raiva. Eu ficava puto mesmo com aquilo. Parecia um lance que não havia nada que eu pudesse fazer. Nem morfina dava conta. Mas dor mesmo, eu aprendi a tolerar. Nem me incomoda tanto. Mas claro que e prefiro não sentir! Então, quando estou no hospital, o relógio gira de quatro em quatro horas. Estou sempre na expectativa do próximo momento em que vou sentir aquela ausência de dor. É muito bom, dá até uma paz. É uma pausa pro corpo respirar.
                Minha mãe já está dormindo pesado. É muito bom ver ela dormindo. Por mais que ela fale o contrário, é triste ver a cama tosca em que ela tem que dormir. Acho engraçado eles não terem preocupação nenhuma com isso. Não custa nada arrumar um sofá-cama mais digno, vai! Outra coisa que me impressiona é a comida da cozinha daqui. Meu, é impressionante como é ruim. Eu sei que comida de hospital é sempre ruim. Mas aqui é impressionante. Parece que, por toda comida de hospital ser ruim, isso não é algo a ser levado em conta como problema. É padrão. Igual letra de médico. Mas é muito ruim. Hoje comecei a comer. Tentei, na verdade. Pedi uma sopa. Meu deus, o que era aquilo. Vou mijar num pote, jogar um pouco de grama, e duvido que fique pior! E o engraçado é que aqui tem a melhor equipe de transplantes de intestino e mutiviscerais. Reconhecida mundialmente! Um procedimento em que a volta a alimentação normal é uma etapa importante. E os caras fazem essa piada com a cozinha?! Sério, era só eles experimentarem pra ver que não dá pra comer aquilo. E não seria mais caro, com certeza. É só cozinhar direito, querer fazer uma comida não horrível. Acho que eu saberia fazer uma sopa melhor. É só comprar aquelas prontas, de um real! É doido isso. Eles se esforçam tanto em um ponto, mas desencanam de outro, que seria muito mais simples de ser bom, no mínimo, razoável!
E vou te falar, pra mim, a etapa mais complicada na recuperação é essa volta a alimentação. E me dá um desânimo de pensar que eu já tinha passado por tudo isso. Estava comendo umas pratadas, engordando, tudo indo tão direitinho! E quando penso na comida daqui, então... Dá vontade de não precisar comer. Às vezes eu penso nisso. Sério! E se eu não precisasse comer? Mas não com parenteral, ou enteral. Simplesmente se eu não precisasse disso pra sobreviver. Queria que comer fosse opcional, sem essa vitalidade toda. Você comeria quando estivesse com vontade de alguma coisa, sei lá! Só por prazer! Vai, ia ser legal pra todo mundo. Imagina só: se você acordasse atrasado, tudo bem, desencana do café da manhã! Mas se é sábado, você está a fim de mandar aquela feijuca, na roda de samba, beleza. Vai lá e manda ver!
Bom, com certeza eu só penso essas coisas porque comer tem sido uma questão muito central na minha vida. Eu sei. Mas é natural, né. Por exemplo, agora é o que eu preciso fazer: Voltar a comer. Isso acontecendo, eu vou pro hotel, e de lá pra casa. Mas isso é simples pra você, meu irmão! Pra mim é um saco. Vocês sabem, já falei disso várias vezes. É que me dá no saco pensar que estou tendo que voltar a comer de novo! Puta que o pariu! E pra quem nunca passou por algo parecido, é muito difícil entender esse lance. Claro. Principalmente pra alguém mais gordinho. “Eu precisando comer menos e esse cara reclamando de ter que comer!?” Pois é, é isso mesmo. Estou reclamando de ter que comer. Espertas são as plantas, que fazem fotossíntese e boa! Na verdade, a única coisa que eu faço que não vejo motivo pra reclamar aqui no hospital é dormir. O resto, tudo requer um pouco de esforço. E é tudo chato. Dormir não. Se desse pra dormir e só acordar no dia da alta... O foda é que, quanto mais passa o tempo, pior você fica e mais precisa mexer a bunda pra recuperar. E menos vontade você tem de mexer um dedo. Mesmo que seja pra mandar a enfermeira pra.... casa dela, quando ela vem tirar sangue as 4h30, ou pedir pra você levantar pra se pesar (sim, isso já requer um esforço), ou pra tirar seus sinais vitais. Quanto pior seu estado, mais você tem que se esforçar, e menos força você tem pra isso. É complicado esse lance. Faz um tempo que o que eu mais quero é poder ser fraco, um pouco, sabe. Queria ter essa opção de não fazer nada, sem que isso pusesse nada em risco. Mas não, é tudo sempre tão difícil. Se eu paro e resolvo não fazer nada por dois dias, pronto, já emagreço, pego infecção, ou rejeição, cirurgia, tubo pra tudo quanto é lado! Mas beleza, dessa vez estou tentando ver o filme com mais atenção, porque mais uma reprise não vai dar, não!
Um beijo pra todo mundo. A saudade é grande! Mas todas as formas de parabéns que eu recebi hoje me deram uma boa injeção de ânimo! Vou guardar todas com muito carinho! E sempre estarei aqui pra retribuí-las. É, porque isso é, por enquanto, o mais óbvio que eu posso fazer com tudo isso, na minha visão: Amenizar a dor de outras pessoas que passam, ou venham a passar, por problemas de saúde. Mas, com certeza, nenhum de vocês vai passar por algo nem parecido. Espero que cada um aprenda o que precisar em relação a essas coisas através da minha história, assim não precisam aprender sozinhos, né. E ia achar o máximo. Imagina, com o meu sofrimento, evitar o dos outros. Legal pra cacete, vai! E eu ainda vou trabalhar com isso! Ser publicitário ficou ainda mais sem sentido, pra mim, depois disso tudo.

3 comentários:

  1. oi Re não escrevi antes pois fui para praia e voltei hoje dia 8/3,mas no seu aniversario não esqueci de voce,rezei muito para se recuperar,bem depressa para assim comemorar este,aniversario com muita alegria,felicidades,muitas coisas boas, um ano cheio de paz que e que voce merece,beijos,na sua mãe,e mil para voce, ficam com Deus

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  2. Rê, uma pena não termos participado dos vídeos.. estávamos fora de SP.. mas queria deixar registrado por aqui os parabéns.

    Pode apostar que suas histórias fortalecem muitas outras histórias,

    Grande beijo,
    Míriam.

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  3. Primo, eu tenho certeza que vc ainda irá ajudar muitas pessoas...através do seu exemplo de superação!!!
    Ontem mesmo, eu estava comentando aqui em casa que eu já estou até imaginando a cena...vc escrevendo seu livro (fiquei pensando até no nome heheh), o livro estourando nas vendas, e vc sendo chamado em váriossss programas pra dar entrevista(imagina o Jô Soares tendo que entrar na fila pra conseguir uma entrevista com o Guerreiro Renas)...vc sendo disputado para dar palestras...além de inúmeras outras formas que vc poderá ajudar milhares de pessoas através da sua luta!!!
    E eu quero estar na primeira fila, aplaudindo de pé...
    Tenho muito orgulho de ter vc em minha vida!!!

    Bjãozão!!!

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