sexta-feira, 18 de março de 2011

PARTE 2

Faaala!
                Então, vou continuar o lance que eu estava escrevendo ontem. Mas antes vou só falar de como estão as coisas por aqui. Na verdade, continua tudo na mesma. E isso é bom! O Rodrigo confirmou que vamos embora hoje (já passou da meia-noite, né), sexta feira. Sem tubo nem nada! E foi um dia tranquilo. Eles tiraram a parenteral durante o dia, e só coloquei agora pouco. Foi bom, pude dar minhas caminhadas sem a “árvore de Natal”. É um saco ficar puxando aquele trambolho! Ah, uma curiosidade: pedi pra uma enfermeira pra ela ver quantos comprimidos eu estava tomando, pois imaginava que eram muitos. Meu, mas vinte e oito por dia é demais! Isso sem contar as medicações que são na veia, que devem ser umas seis por dia! Barbarie, né!
                E ontem todo mundo estava com algum detalhe verde na roupa, ou uma pulseira, alguma coisa, por causa do tal do St. Patrick. Minha mãe falou que até o Canal estava com a água toda verde! Inteirinho! Ela passou lá no caminho do mercado. Eu queria ver. Vamos ver se sábado eu consigo ir. Mas não sei se dura até lá. Em Chicago eles também fizeram isso, num rio gigante que tem lá. Pelo jeito, tudo quanto é água no país inteiro deve estar verde, eu acho! Os caras levam a sério aqui. É engraçado, americano adora essas comemorações. Enfeita a cidade sempre que tem algum motivo. A gente no Brasil não, né. O pessoal está preocupado mais é em que dia cai o feriado, se vai rolar de emendar e tal. Tem feriado que eu nem sei o motivo, na verdade.
Bom, então continuando a parte 1. É ruim ter a demonstração de carinho nessa intensidade de preocupação. Mas eu quero aproveitar, quando eu zerar esse tratamento, pra curtir essas pessoas todas e o carinho de uma forma mais gostosa. Não que não tenha sido bom receber esse carinho todo. Só que, ao mesmo tempo, eu me sinto meio mal por causar toda essa dor e, sem querer ser dramático, por ter tomado conta de uma parte enorme da vida deles de uma forma tão abrupta e sofrida. Todo mundo participou muito, teve um papel muito importante. Criou-se uma super estrutura a minha volta, sem a qual não seria possível nada disso que conquistamos. Nada mesmo, de verdade. E isso me encheu de idéias... na verdade, sonhos.
Meus irmãos estavam sempre o mais perto possível, principalmente esse ultimo ano, correndo atrás de coisas que eu precisava. E eram muitas. Tenho muita sorte com meus irmãos. Tenho um puta orgulho deles. São amigos mesmo. É muito bom ter irmãos como os que eu tenho. E não tem essa de que é sangue, irmão tem obrigação de ajudar irmão, qualquer um faria isso... Sei de muitos irmãos que não se olham na cara. Mas claro, não dá pra julgar, só posso falar que é um azar. Se eu tivesse um irmão insuportável, acho que seria difícil a convivência, e acabaria agindo como os que não se olham. Vai saber! O Dú foi o que mais teve tempo pra ficar lá, por ter um trabalho com horários mais flexíveis. Ia todo dia em casa, a noite. Até de sábado a noite (mal aí, Ligia! Heheh). Mas quando a Jack chegava, eu dispensava ele, claro! Conversávamos muito. Por exemplo, nessa sua última visita (ele veio duas vezes pra cá, a primeira com meu pai). Me estimulava a andar. Aguentava muitas respostas tortas que meu mal humor soltava (notou a malandragem? A culpa é do mal humor, não minha! heheh). Mas conseguiu fazer eu me mexer. Aí ficávamos horas conversando nas salinhas aqui perto do quarto. Já estou com saudade desses momentos, Dú! Eu queria andar só pra conversar lá, ficávamos nós três, e as vezes só nós dois. Muito gostoso! Me fez muito bem. Ah, e ele dormiu todos os dias aqui comigo no hospital, o que permitiu que minha mãe fosse dormir em casa, descansar direito, já que, aqui, eu acho que existe uma lei que diz “Ninguem Dorme nessa porra!” Ele dividiu a função de me ajudar com minha mãe. Ela nega, mas claro que cansa. Essa visita do Dú foi essencial pra minha mudança de humor, e a conseqüente recuperação, bem rápida, aliás. Ele chegou e encontrou eu e minha mãe bem cansados, desgastados e exaustos com isso tudo. E foi embora deixando muita energia. Renovou nossas forças. E ele veio pra isso. Quase não saía do quarto. Mas aposto que foi embora satisfeito pelo que fez. Se não, deveria!
 O Daniel, por cuidar da fazenda, a 400 km de SP, entre outros compromissos, como cursos longe e tal, até uma cirurgia no intestino (pois é, é o fraco da família! Heheh), não podia estar junto sempre que queria. Mas quando estava em SP, corria pra casa. Não sei se por mim ou pelo almoço da mãe! Heheh Brincadeira, zé! É, se bem que o rango da véinha é um motivo legítimo, que merece ser respeitado! Heheh Ele me levava no DETRAN, dormia no hospital. Sempre ajudava minha mãe nas compras. A gente conversava muito. Foi muito legal a única vez que consegui ir pra fazenda nesse ano passado. Estávamos nós dois, a Andrea e meus pais. Mas o povo dormia cedo, e sobrávamos nós dois! Tenho muita saudade dessa paz na fazenda, conversando com ele. E sempre atento, fazia qualquer coisa que eu pedisse, ou nem pedisse. Mas isso vale pra todo mundo, também. Eu falei ontem, rolou tratamento de rei, o tempo todo!
A Stella mora fora, mas nunca esteve longe, está sempre no coração, no pensamento. Quando vem, praticamente me monopoliza! Só ela dorme no hospital, fica na UTI. Ela chega, chegando! Até brigam com ela, tadinha! Acho que ela deve ficar ansiosa e quando chega quer ver se mata a saudade e a ansiedade de me ver de perto, se estou bem mesmo, ou não. Quer passar o carinho que vem do contato mesmo, né, eu acho. Assim como é difícil pra mim estar longe dela, principalmente nessas épocas, imagino que deve ser difícil pra ela também. É, é um puta saco ter uma irmã dessas tão longe. Não recomendo! Heheh A vida faz uns caminhos difíceis de lidar. Ela está há mais de 10 anos fora. Mas acho que nunca vou me acostumar. Ainda mais porque a gente era muito próximo na época que ela foi. Saíamos juntos, passávamos o dia grudados, as vezes. Meus amigos viraram amigos dela, e vice-versa. Éramos os mais próximos dos irmãos. Por vezes, reunimos a galera em casa pra uma sinuquinha. Bom, mas se eu for tentar explicar a falta que ela me faz, num acabo isso nunca! Aliás, quando eu voltar pro Brasil, ela vai lá ficar uns 15 dias!
E parece até irônico, sei lá, só que acabou sendo importante o fato de ela morar fora. Agilizou remédios, bombas de infusão, tudo o que podia, coisas que eram mais baratas, ou só existiam lá. Ainda pagava com o dinheiro dela, e ficava falando pros velhos que não precisava pagar, pois sabia o tanto que estávamos gastando. Ou eu né, estava gastando.
Só uma observação, meio mea culpa: vocês não tem noção do estrago que eu fiz na conta lá de casa. Adiei muitos planos, de todo mundo. Mas calma, eu não me sinto mal ou culpado. Me senti um pouco, sim, quando comecei a me dar conta dos gastos! Mas logo todo mundo me fez perceber que não tinha nada a ver. É que foi muita grana! Dava pra fazer muita coisa com o que gastamos na epopéia. Mas, o importante é que sei que todo mundo lá em casa moraria, sorrindo, numa kitnet, se fosse preciso, pra me ver recuperado, como estou agora! Então, hoje o meu sentimento em relação a isso é só de orgulho da minha família. E, tenho que admitir, um pouco de inconformismo, pois poderíamos ter evitado muitos desses gastos, se tivéssemos sido mais bem orientados por pessoas que tinham essa obrigação. Mas isso vai ser outro capítulo que, aliás, vou gostar muito de escrever!
Bom, melhor parar por aqui. Já são quase duas e meia da matina. Tenho uma hora e meia até a próxima visita da enfermeira. É a cada duas horas mesmo, eu não estava brincando! Nem acredito que amanhã vou dormir na cama, sem ninguem me acordar. Ô maravilha! Aliás, não sei se já falei, mas aqui eles me pesam sempre as quatro da manhã. Horário bom, né? Eu dormindo e... bom, deixa pra lá! Amanhã acaba! Ufa! Acabou sendo a "temporada" mais longa aqui nesse hospital... Segunda-feira completaria um mês! Eita, sai zica!
É isso aí, amanhã escrevo do sofazinho da sala! heheh Beijo pra todo mundo!

3 comentários:

  1. Ahhhh...o amor é lindo!!!! Vc é um menino de mta sorte por ter uma família que te ama com esta intensidade!!
    E dinheiro serve pra isto mesmo,pra poder gastar SEM DÓ quando é preciso...Depois vai lá e ganha de novo! Simples assim!
    Como aquele ditado: "vão-se os anéis,ficam-se os dedos." Daí,depois compra mais uns aneizinhos básicos,e fica tudo certo!!rss

    Aproveita bem que a mamata tá pra acabar...!!!!kkkkkkkkkkk

    Fiquem com Deus! Bjs!
    Kamila

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  2. Esquenta não Renas, você é o unico que tem "alvará" para tirar o Dú de mim num sabado a noite...kkk. Lá em casa, na minha familia, também somos em 4 irmãos e se qq um deles adoecer e precisar de mim, o Dú sabe que ele roda.. hehe, a família é prioridade sempre! Eu como namorada tenho de dar força pra ele, pra ele passar essa força pra vcs! A gente faz uma corrente de energia e tudo vai bem! Espero que meu sonho esteja certo, espero vc pra minha festa de aniversário!
    Se cuida!
    bjin

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  3. 28 comprimidos? Tá explicado por que você não tá tendo fome. Isso é praticamente uma refeição!!! Rsrsrsrsrs.

    Cara, do fundo do meu coração, acho que seus é que têm que ter orgulho de ter você como irmão. Eu tenho de tê-lo como primo

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